São Paulo, quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

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Micos das casas de shows vão de barulho a excessos do vizinho de mesa

DA REPORTAGEM LOCAL

"Show em teatro é muito lindo, mas parece cinema, e você fica estagnado", opina o advogado Marcelo Souza, 33, durante show da dupla Zezé di Camargo e Luciano. "Quando a plateia é em mesas, você interage mais, conversa com o vizinho, o garçom passa, você olha para o lado. É mais agitado."
Os adeptos da "música para curtir" defendem o formato grandiloquente proposto pelas casas de shows, em que comida e bebida, tanto quanto a música, fazem parte do espetáculo.
"Desde que eu possa tomar minha cerveja, está bom. E, para isso, o garçom é um mal necessário", avalia o engenheiro César Ferreira, 25, na plateia da cantora Roberta Sá.
Os inconvenientes desse esquema, no entanto, são muitos: o inevitável convite à conversa que é sentar à mesa, o vaivém de garçons agachados e suas lanterninhas, a profusão de petiscos e os excessos alcoólicos do vizinho desconhecido.
Tudo isso acabou empurrando os espectadores mais abonados para as estruturas "exclusivas" criadas pelas casas de shows. Ao lado dos tradicionais camarotes, hoje há invenções como áreas VIP, plateias "Premium" e até "suítes": salas de estar, com TV, sofá e serviço de bar, anexas a um camarote.
Tamanha privacidade pode concorrer com o próprio espetáculo. "Com a porta fechada, não dá nem para saber se o show começou", conta Pedro Kiipper, 43, em uma "suíte" do Credicard Hall. "Dá até para falar no celular", comemora.
A bancária Priscila Duarte, 26, admite que, se o espetáculo fica "lento demais" para seu gosto, costuma ir com os amigos para a sala de estar da "suíte". "A gente fica comendo, bebendo e tirando fotos."
Com os pés descalços sobre a cadeira de uma "suíte", a maquiadora Priscila Almeida, 27, diz se sentir mais "à vontade". "É como ver um show em casa."
Já para a empresária Marisa Santos, 63, o camarote é antídoto para a falta de bom senso do público e das casas. "Recorri a ele porque as pessoas não respeitam os vizinhos de mesa. É gente que fica em pé, é garçom que passa na frente. Tudo isso incomoda muito. Teve até uma vez em que subiram na minha mesa e eu fiquei sem ver nada, só aqueles pés."
Ela conta que, entre os micos ocorridos em shows que coleciona, está o episódio em que dividiu mesa com um famoso jogador de futebol, que exagerou nos pedidos de porções e uísque. "Ele tomou conta da mesa! E quase me derrubou porque queria tirar uma foto." (FM e MP)


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