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Belenzinho abriga "pot-pourri" do teatro da década
Reaberta no sábado passado, unidade do Sesc realiza mostra com coletivos que se destacaram na década
Programação, que se estende até o dia 18, tem Cia. Livre, Grupo XIX, São Jorge, Vertigem e Folias, entre outras
LUCAS NEVES
DE SÃO PAULO
Até fechar para obras, em
2005, a unidade provisória
Sesc Belenzinho era um dos
principais pontos no mapa
do teatro de pesquisa em SP.
A programação de artes
cênicas da reabertura, capitaneada pela mostra "Belenzinho Convida", sugere um
ímpeto de recuperar o tempo
perdido.
Foram escalados para ocupar as novas salas de espetáculos do complexo coletivos
que ganharam proeminência
nesta década que o Belenzinho testemunhou pela metade: Cia. do Feijão (que abriria
os trabalhos ontem), Cia. Livre, Grupo XIX e Espanca!,
entre outros (leia à esq.).
Hoje e amanhã, a ordem é
fazer a revolução. Em "Arena
Conta Danton", montagem
que estreou no fim de 2004, a
Livre relê "A Morte de Danton", do alemão Georg Büchner, em chave contemporânea. O revolucionário mandado à guilhotina pelo ex-companheiro de luta Robespierre é a faísca que detona
uma discussão sobre o desvirtuamento de ideais de
transformação social e política, sua rendição à lógica do
"matar ou morrer".
O traço lúdico que é caro
ao grupo de Cibele Forjaz
surge na adoção do sistema
coringa, concebido por Augusto Boal, que prevê o revezamento dos atores entre os
papéis para incrementar o
distanciamento crítico em relação ao que se encena.
O sentido da revolução hoje é a mola de "Quem Não Sabe Mais Quem É, o Que É e
Onde Está Precisa se Mexer"
(2009), da Cia. São Jorge de
Variedades. Três figuras se
encontram num "aparelho"
com portas secretas e decoração delirante para concluir:
tudo começa por "destruir
nossa ordem interna, sair de
nós mesmos", como diz a diretora, Georgette Fadel -que
também dirige e protagoniza
o musical "Gota d'Água", no
mesmo espaço, no dia 18.
Em registro mais intimista,
"História de Amor (Últimos
Capítulos)", criação de 2007,
distancia o Teatro da Vertigem da monumentalidade
que marcou sua produção
desde os anos 1990.
Um despojado jogo metalinguístico acompanha o encontro de dois homens e uma
mulher entre os quais surge
um romance a três. O trio talvez disfarce simplesmente
um dramaturgo, um diretor e
uma atriz.
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