São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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Belenzinho abriga "pot-pourri" do teatro da década

Reaberta no sábado passado, unidade do Sesc realiza mostra com coletivos que se destacaram na década

Programação, que se estende até o dia 18, tem Cia. Livre, Grupo XIX, São Jorge, Vertigem e Folias, entre outras

LUCAS NEVES
DE SÃO PAULO

Até fechar para obras, em 2005, a unidade provisória Sesc Belenzinho era um dos principais pontos no mapa do teatro de pesquisa em SP.
A programação de artes cênicas da reabertura, capitaneada pela mostra "Belenzinho Convida", sugere um ímpeto de recuperar o tempo perdido.
Foram escalados para ocupar as novas salas de espetáculos do complexo coletivos que ganharam proeminência nesta década que o Belenzinho testemunhou pela metade: Cia. do Feijão (que abriria os trabalhos ontem), Cia. Livre, Grupo XIX e Espanca!, entre outros (leia à esq.).
Hoje e amanhã, a ordem é fazer a revolução. Em "Arena Conta Danton", montagem que estreou no fim de 2004, a Livre relê "A Morte de Danton", do alemão Georg Büchner, em chave contemporânea. O revolucionário mandado à guilhotina pelo ex-companheiro de luta Robespierre é a faísca que detona uma discussão sobre o desvirtuamento de ideais de transformação social e política, sua rendição à lógica do "matar ou morrer".
O traço lúdico que é caro ao grupo de Cibele Forjaz surge na adoção do sistema coringa, concebido por Augusto Boal, que prevê o revezamento dos atores entre os papéis para incrementar o distanciamento crítico em relação ao que se encena.
O sentido da revolução hoje é a mola de "Quem Não Sabe Mais Quem É, o Que É e Onde Está Precisa se Mexer" (2009), da Cia. São Jorge de Variedades. Três figuras se encontram num "aparelho" com portas secretas e decoração delirante para concluir: tudo começa por "destruir nossa ordem interna, sair de nós mesmos", como diz a diretora, Georgette Fadel -que também dirige e protagoniza o musical "Gota d'Água", no mesmo espaço, no dia 18.
Em registro mais intimista, "História de Amor (Últimos Capítulos)", criação de 2007, distancia o Teatro da Vertigem da monumentalidade que marcou sua produção desde os anos 1990.
Um despojado jogo metalinguístico acompanha o encontro de dois homens e uma mulher entre os quais surge um romance a três. O trio talvez disfarce simplesmente um dramaturgo, um diretor e uma atriz.


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