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Morre aos 94 produtor Carlo Ponti
Produtor de filmes como "A Estrada", de Federico Fellini, ficou famoso por ser marido de Sophia Loren
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O produtor Carlo Ponti morreu anteontem num hospital de
Genebra, Suíça, aos 94 anos.
Foi um dos grandes nomes da
indústria cinematográfica italiana do pós-Segunda Guerra,
ao lado de Dino De Laurentiis.
Ponti ficou internado por dez
dias em razão de problemas
pulmonares.
Embora tenha produzido
marcos do cinema como "A Estrada" (1954), de Federico Fellini, "O Desprezo" (1963), de
Jean-Luc Godard, e "Doutor Jivago" (1965), de David Lean,
Ponti se tornou uma celebridade mundial por seu casamento
com a atriz Sophia Loren, que
ele havia descoberto e lançado.
Celebrada em 1957 no México, pois o produtor vinha de um
primeiro casamento e na Itália
não havia o divórcio, a união
com Loren só foi "legalizada"
em 1964, quando os dois adquiriram cidadania francesa.
Nascido em 11 de dezembro
de 1912 em Magenta, no norte
da Itália, Carlo Ponti estudou
direito na Universidade de Milão antes de realizar filmes, atividade na qual começou em
1940, primeiro na produtora
ATA e, em seguida, na Lux
Film, onde produziu obras neo-realistas de Alberto Lattuada,
Mario Camerini e Luigi Zampa.
No final dos anos 40, associou-se a Dino De Laurentiis.
Enquanto durou a sociedade, a
Ponti-De Laurentiis equilibrou
a realização de filmes autorais,
como "Europa 51", de Roberto
Rossellini, e "A Estrada", de Fellini, com a produção de comédias populares protagonizadas
por Totò, por exemplo.
Após o casamento, Ponti empenhou-se em alavancar a carreira internacional de Loren,
descoberta por ele.
Para Loren ele produziu em
Hollywood (na Paramount) filmes como "A Orquídea Negra"
(Martin Ritt, 1959), "Jogadora
Infernal" (George Cukor, 1959)
e "Duas Mulheres" (Vittorio De
Sica, 1961). Este último rendeu
o Oscar de atriz a ela.
Nos anos 70, Ponti deu prosseguimento à sua política de alternar comédias populares
-como "A Mulher do Padre"
(Dino Risi, 1970) e "Mortadella" (Mario Monicelli, 1971)-
com filmes ousados, sem concessões, como "Quê?" (Roman
Polanski, 1972) e "O Passageiro
- Profissão Repórter" (Michelangelo Antonioni, 1975).
Presença constante nas comédias populares do período,
Loren estrelou também, ocasionalmente, obras autorais
produzidas pelo marido, como
"Um Dia Muito Especial" (Ettore Scola, 1977).
Em 1988, na tentativa de reviver o maior êxito internacional de Loren, Ponti produziu
para ela um "remake" televisivo de "Duas Mulheres", dirigido por Dino Risi.
Os dois filhos de Ponti e Loren seguiram carreira artística.
Carlo Ponti Jr., 38, é maestro
da Orquestra Sinfônica de San
Bernardino, Califórnia. Edoardo Ponti, 34, por sua vez, é cineasta, tendo realizado em
2002 o longa-metragem "Between Strangers".
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