São Paulo, quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

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Morre aos 94 produtor Carlo Ponti

Produtor de filmes como "A Estrada", de Federico Fellini, ficou famoso por ser marido de Sophia Loren

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O produtor Carlo Ponti morreu anteontem num hospital de Genebra, Suíça, aos 94 anos. Foi um dos grandes nomes da indústria cinematográfica italiana do pós-Segunda Guerra, ao lado de Dino De Laurentiis. Ponti ficou internado por dez dias em razão de problemas pulmonares.
Embora tenha produzido marcos do cinema como "A Estrada" (1954), de Federico Fellini, "O Desprezo" (1963), de Jean-Luc Godard, e "Doutor Jivago" (1965), de David Lean, Ponti se tornou uma celebridade mundial por seu casamento com a atriz Sophia Loren, que ele havia descoberto e lançado.
Celebrada em 1957 no México, pois o produtor vinha de um primeiro casamento e na Itália não havia o divórcio, a união com Loren só foi "legalizada" em 1964, quando os dois adquiriram cidadania francesa.
Nascido em 11 de dezembro de 1912 em Magenta, no norte da Itália, Carlo Ponti estudou direito na Universidade de Milão antes de realizar filmes, atividade na qual começou em 1940, primeiro na produtora ATA e, em seguida, na Lux Film, onde produziu obras neo-realistas de Alberto Lattuada, Mario Camerini e Luigi Zampa.
No final dos anos 40, associou-se a Dino De Laurentiis. Enquanto durou a sociedade, a Ponti-De Laurentiis equilibrou a realização de filmes autorais, como "Europa 51", de Roberto Rossellini, e "A Estrada", de Fellini, com a produção de comédias populares protagonizadas por Totò, por exemplo.
Após o casamento, Ponti empenhou-se em alavancar a carreira internacional de Loren, descoberta por ele.
Para Loren ele produziu em Hollywood (na Paramount) filmes como "A Orquídea Negra" (Martin Ritt, 1959), "Jogadora Infernal" (George Cukor, 1959) e "Duas Mulheres" (Vittorio De Sica, 1961). Este último rendeu o Oscar de atriz a ela.
Nos anos 70, Ponti deu prosseguimento à sua política de alternar comédias populares -como "A Mulher do Padre" (Dino Risi, 1970) e "Mortadella" (Mario Monicelli, 1971)- com filmes ousados, sem concessões, como "Quê?" (Roman Polanski, 1972) e "O Passageiro - Profissão Repórter" (Michelangelo Antonioni, 1975).
Presença constante nas comédias populares do período, Loren estrelou também, ocasionalmente, obras autorais produzidas pelo marido, como "Um Dia Muito Especial" (Ettore Scola, 1977).
Em 1988, na tentativa de reviver o maior êxito internacional de Loren, Ponti produziu para ela um "remake" televisivo de "Duas Mulheres", dirigido por Dino Risi.
Os dois filhos de Ponti e Loren seguiram carreira artística. Carlo Ponti Jr., 38, é maestro da Orquestra Sinfônica de San Bernardino, Califórnia. Edoardo Ponti, 34, por sua vez, é cineasta, tendo realizado em 2002 o longa-metragem "Between Strangers".


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