São Paulo, domingo, 11 de janeiro de 2009

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Crítica

Jerry Lewis traduz mundo caótico

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A afirmação pode ser polêmica para alguns, mas Jerry Lewis foi um dos gênios da história do cinema. Foi ele quem, ao lado de Orson Welles e John Cassavetes, fez cinema moderno nos Estados Unidos dos anos 60, em plena sintonia com a nouvelle vague francesa, a de Godard, Truffaut etc.
Lewis não era apenas aquele dos filmes de Norman Taurog, nos anos 50, quando roubava a cena, mas não os filmes. E era mais que nos ótimos longas de Frank Tashlin ("Artistas e Modelos"), que já lhe permitiam uma maior liberdade, levando sua atuação ao limite, na fronteira da política dos estúdios.
Quando ingressa na direção do longa-metragem, em 1960 (com "O Mensageiro Trapalhão"), ele faz o que nenhuma comédia fizera: traduzir um mundo em desmoronamento, caótico, de colapso mecânico, do defeito, com uma desconstrução narrativa, metalinguagem e diálogo com outros cinemas e com a linguagem pop.
Um dos filmes que ilustram o imaginário de Lewis é seu segundo longa, "O Mocinho Encrenqueiro" (TC Cult, 11h45, não indicado a menores de 12 anos). Ele faz um subalterno nomeado para investigar quem está desviando dinheiro de um estúdio, a Paramutual (piada com a Paramount, que, aliás, financia este longa).
Não há palavras que consigam descrever a cena em que seu personagem interage com a trilha incidental como se ela fosse um texto falado. Cinema de ponta.


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