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Crítica
Jerry Lewis traduz mundo caótico
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A afirmação pode ser polêmica para alguns, mas Jerry Lewis
foi um dos gênios da história do
cinema. Foi ele quem, ao lado
de Orson Welles e John Cassavetes, fez cinema moderno nos
Estados Unidos dos anos 60,
em plena sintonia com a nouvelle vague francesa, a de Godard, Truffaut etc.
Lewis não era apenas aquele
dos filmes de Norman Taurog,
nos anos 50, quando roubava a
cena, mas não os filmes. E era
mais que nos ótimos longas de
Frank Tashlin ("Artistas e Modelos"), que já lhe permitiam
uma maior liberdade, levando
sua atuação ao limite, na fronteira da política dos estúdios.
Quando ingressa na direção
do longa-metragem, em 1960
(com "O Mensageiro Trapalhão"), ele faz o que nenhuma
comédia fizera: traduzir um
mundo em desmoronamento,
caótico, de colapso mecânico,
do defeito, com uma desconstrução narrativa, metalinguagem e diálogo com outros cinemas e com a linguagem pop.
Um dos filmes que ilustram o
imaginário de Lewis é seu segundo longa, "O Mocinho Encrenqueiro" (TC Cult, 11h45,
não indicado a menores de 12
anos). Ele faz um subalterno
nomeado para investigar quem
está desviando dinheiro de um
estúdio, a Paramutual (piada
com a Paramount, que, aliás, financia este longa).
Não há palavras que consigam descrever a cena em que
seu personagem interage com a
trilha incidental como se ela
fosse um texto falado. Cinema
de ponta.
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