São Paulo, terça-feira, 11 de janeiro de 2011 |
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CRÍTICA MÚSICA ERUDITA "Mantra" concretiza conceito de fórmula de Stockhausen SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA O silêncio prevalece quando o assunto é a última fase do compositor alemão Karlheinz Stockhausen (1928-2007). De fato, parece mais fácil conviver com o pioneiro da música eletroacústica, e mesmo com as obras abertas cultivadas em torno de maio de 68, do que com o ciclo "Licht" ("Luz"), projeto de sete óperas com o qual ocupou-se durante os últimos 25 anos de vida. Há quem não tolere o misticismo do compositor, cuja cara está estampada na capa do disco "Sgt. Pepper's" (1967), dos Beatles. Mas, apesar das dificuldades técnicas impostas por suas obras, elas sempre foram estreadas, editadas e gravadas. Três óperas de "Licht" foram apresentadas no teatro Scala de Milão, e a inédita "Sonntag" ("Domingo") terá sua estreia mundial em abril próximo. A cargo dos jovens pianistas Pascal Meyer e Xenia Pestova, a nova gravação de "Mantra", obra escrita em 1970 para dois pianos e eletrônica, é a primeira na qual a aparelhagem analógica, originalmente prescrita para captar, filtrar e transformar o som dos pianos, foi remodelada em tecnologia digital. DNA SONORO "Mantra" utiliza pela primeira vez a ideia de "fórmula", técnica composicional que consiste em uma unidade melódica (de 13 sons, no caso) passível de expansões e compressões, e sobre a qual se aplica um sistema que individualiza cada componente. É uma espécie de sêmen, um "DNA" sonoro. A fórmula abarca tudo: tempo, intervalos, intensidades, timbres e articulações. Cada parte da obra é dominada por essas notas-sêmen e o todo que se escuta não deixa de ser o próprio "mantra" espacializado. Além da magistral interpretação do duo -que também deve percutir crotales (pequenos sinos) e woodblocks- chama atenção a "modulação em anel", a aura eletrônica que contorna e esculpe o som dos pianos. Essa mesma técnica estaria em "Licht". Projeto maior de Stockhausen, as 29 horas de música-teatro seriam derivadas de poucos gestos sonoros, um super mantra oferecido com loucura, trabalho e rigor às futuras gerações. STOCKHAUSEN: "MANTRA" ARTISTAS Xenia Pestova e Pascal Meyer (pianos), Jan Panis (eletrônica) LANÇAMENTO Naxos QUANTO R$ 36 AVALIAÇÃO ótimo Texto Anterior: Crítica/Música erudita: Maior violoncelista do Brasil tem história contada em livro Próximo Texto: Crítica/Música Erudita: Pianista Mitsuko Uchida realça heterônimos de Schumann Índice | Comunicar Erros |
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