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RELÂMPAGOS
Água
JOÃO GILBERTO NOLL
²
Perdi-me na mata. Encontrei macacos, gatos silvestres, laivos de feras. De repente, uma trilha. Adiante
uma tapera. Oi de casa, bato
palmas. Da porta surge uma
mulher. Por favor, eu digo.
Sim, ela responde. E arrisca:
Sede? É, é isso, respondo
cheio de vontade de um copo d'água. É o que em segundos tenho. Bebo a água
me pingando todo pelo peito. Um refrigério que meu
pai exibia aos domingos. É
verão?, pergunto. Aqui
sempre é, ela responde. E
agora nada mais que esse silêncio alfinetando alguma
coisa parada entre nós dois,
ali. Atrás da pedra um lagarto expande seu sono ao
infinito.
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