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COMIDA
Crítica
Com preços contidos, Caffé Sérvia traz receitas típicas do leste europeu
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
E
ntender a Sérvia, país
europeu da região dos
Bálcãs, não é tarefa
simples. Apreciar sua gastronomia já é mais fácil, embora também não sejam óbvias suas
fronteiras de sabor. Fronteiras
não são o forte na região, onde
países são fracionados e ganham novos nomes conforme
diferentes etnias se impõem,
no meio de influências turcas,
eslavas, gregas... todas trazendo
seus paladares, como procura
mostrar o Caffé Sérvia, recém-aberto na Vila Madalena.
Um dos proprietários é sérvio mesmo, Danijel Mirkov, 31,
há seis anos no Brasil. Depois
de estudar hotelaria, ele trabalhou em restaurantes na Grécia, Turquia e Sérvia. No Brasil,
foi gerente do clube Di Quinta e
do restaurante Saj.
Para montar a nova casa, Danijel associou-se ao chef Luiz
Emanuel, 34, do vizinho Allez
Allez!, que acabara de fechar
seu restaurante mineiro Chafariz, de duração meteórica. O
Caffé Sérvia ocupou esse espaço, que ainda remete a um casarão mineiro, mas agora tem decoração que lembra as novas
paragens (incluindo toalhas de
mesa bordadas a mão pela avó
de Danijel).
O cardápio, de preços contidos, foi montado a partir de receitas de família e referências à
cozinha do leste europeu, misturando pitadas de tradições
russas, sérvias e de toda a península balcânica, mais o toque
francês que costuma impregnar a cozinha europeia. Há pratos familiares aos brasileiros,
vindos de vários lados.
O prato de mezze traz duas
boas linguiças com queijo e picles. Como entrada, há o salmão curado (mas salgado) com
creme azedo e salada de batatas. São poucos pratos principais. O peixe (varia com o dia)
cozido na cerveja vem com
abundância de caldo e legumes.
O goulash "à moda Sérvia" tem
carne macia e molho espesso,
mas perde em sabor e picância
em relação à referência que eu
conheço, o goulash húngaro (e
um acompanhamento, penne
gratinado, seco e duro). O estrogonofe dignifica o prato -o
creme é moderado, não é impregnado por catchup, e vem
com batata rosti.
Como sobremesa, rabanada
de brioche com morango e sorvete (melhor que o strudel de
maçã e nozes, de massa pouco
delicada).
josimar@basilico.com.br
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