São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

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Cinema

"Não quero conquistar nada", diz Hopkins

Protagonista do thriller "O Ritual", que estreia hoje, afirma não planejar mais a carreira, pois "já fez tudo na vida'

Ganhador do Oscar interpreta um padre exorcista e contracena com a atriz brasileira Alice Braga no filme

FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES

Anthony Hopkins já fez um canibal, um lobisomem e será um deus no cinema. Hoje, estreia no Brasil como padre exorcista em "O Ritual". Em entrevista à Folha, o ator galês, 73, falou que já não procura conquistar mais nada na vida e apenas segue sugestões de seu agente para escolher novos trabalhos. Hopkins volta aos cinemas em maio com "Thor", no qual interpreta o deus Odin. Leia a seguir trechos da entrevista.

 

Folha - O senhor é católico?
Anthony Hopkins -
Não.

É religioso?
Não sou ateu, seja lá o que isso quer dizer. Às vezes sou, às vezes não. Sou aberto.

Por que escolheu esse papel?
Quando li o roteiro, não estava muito certo, porque achei que seria um filme sobre coisas sobrenaturais. Mas meu agente disse para eu ler. É um dos filmes mais fascinantes que fiz em anos.

Por quê?
É um bom roteiro. O personagem que eu faço tem um grande conflito interior. Mas, apesar das dificuldades, ele mantém a fé a todo custo. Um jovem padre vem trabalhar com ele em Roma e tem suas próprias dúvidas. Há uma batalha entre os dois. É provocativo, complexo. Abriu meus olhos para ler mais sobre a história da Igreja Católica e a crise atual. Foi uma experiência profunda.

Como se preparou para fazer o personagem?
Aprendi latim e estudei italiano.

Visitou a escola de exorcismo do Vaticano?
Colin [O'Donoghue] foi. Ele conheceu alguns exorcistas. Havia um exorcista no set, enquanto filmávamos.

Como escolhe seus papéis?
Não planejo nem procuro mais nada. Meu agente me liga e nós conversamos. Não quero mais nada, não preciso conquistar coisa nenhuma. Já fiz tudo na vida.

Como foi trabalhar com Alice Braga?
Ela é adorável. Fizemos uma cena grande juntos. Fiquei preocupado com ela porque é muito intensa. E a cena precisava de energia. Eu tinha meio que agarrá-la, e ela foi ficando vermelha, roxa. Eu disse: "Você não deve fazer isso demais, pode se machucar".
Se você está atuando muito e passando por muita tensão, pode sofrer fisicamente. Então, eu sempre acreditei em fazer [uma cena] e depois relaxar. Mas, às vezes, os diretores insistem, pegam pesado, e isso não funciona.

O sr. se lembra de algum conselho que ouviu durante a carreira e que ainda carrega?
Apenas divirta-se o quanto conseguir. Tenha senso de humor. O mundo está tão politicamente correto, não há mais humor. É triste.

Já pensou em escrever livros?
Não. Quem vai querer ler sobre mais um ator? Tentei uma vez, me pagaram adiantado, mas devolvi o dinheiro. Não tenho interesse.

Voltaria ao teatro?
Não. Ralph Fiennes disse que eu precisava voltar, e respondi que preferiria qualquer outra coisa, qualquer emprego terrível. Felicidade para mim é não ter que ir ao teatro todas as noites interpretar o rei Lear.

Nem para ver peças?
Não. Chato demais.

O RITUAL
DIREÇÃO Mikael Hafström
PRODUÇÃO EUA, 2011
COM Colin O'Donoghue, Anthony Hopkins e Alice Braga
ONDE nos cines Bristol, Unibanco Pompeia, Marabá e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO regular



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