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CRÍTICA
Paulo Francis segura a onda no "Manhattan"
XICO SÁ
CRÍTICO DA FOLHA
Mesa-redonda fina, com
Paulo Francis (1930-97) no
lugar de Roberto Avallone (o
atual bamba do gênero, na Gazeta), o "Manhattan Connection"
viveu, nos últimos meses, a agonia da extinção.
Na marcha da guerra de Bush,
voltou à TV na noite de anteontem, com o selo de uma década de
"qualidade", como berram seus
defensores. A principal atração
foi, como desde o nascimento, o
mesmo Paulo Francis. Em momento tipo "Vídeo Show". O programa exibiu uma série de erros e irritações do jornalista morto em
97 -quando gravava o seu quadro para o "Jornal da Globo".
Francis chuta o balde, seu esporte fino. Casmurro, solta todos
aqueles vocábulos que consagraram a pornochanchada dos anos
70/ 80, uma das mais ricas fases do
cinema brasileiro pré-cosmética
da fome. Vai começar a gravar e
um telefone toca no estúdio. Ele
xinga até o bispo. De novo.
Triiiim. Aí manda todo mundo à
China, essa injusta metáfora geográfica para as sobras e restos humanos. Para quem perdeu, tem
mais no próximo domingo,
anunciou Lucas Mendes.
O pior é que o Manhattan põe
no ar o show de Francis e corta direto para os comerciais. O óbvio
seria voltar para os risos e comentários da bancada, da qual fazia
parte, como convidada, a jornalista e escritora Sônia Nolasco, mulher do autor de "Cabeça de Papel". O "psit" do sofá gargalha e
sente a falta da cumplicidade dos
que fazem o programa.
Nelson Motta, ex-componente
do grupo, ainda lembra o "Samba
do Negão", uma marchinha esquema sátira feita por Paulo Francis para "homenagear" o senhor
da guerra Colin Powell. Nos recuerdos e nas homenagens em
torno da sua estrela, a mesa-redonda, que voltou em programa
ao vivo, teve sustança. Sem a imagem do seu Avallone em versão
cínica e ilustrada -deve continuar sob risco de vida. Ah essa carência de ídolos!
Como diria um metido a entender de Schopenhauer, falta ao Manhattan a velha arte da erística, ou
seja, alguém capaz de vencer o debate mesmo sem ter um naco de
razão.
Nota interessante sobre a noite
de anteontem: Arnaldo Jabor já
elogiou o governo Lula.
Manhattan Connection
Quando: domingo, às 23h , na GNT
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