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São Paulo, terça-feira, 11 de março de 2003

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CRÍTICA

Paulo Francis segura a onda no "Manhattan"

XICO SÁ
CRÍTICO DA FOLHA

Mesa-redonda fina, com Paulo Francis (1930-97) no lugar de Roberto Avallone (o atual bamba do gênero, na Gazeta), o "Manhattan Connection" viveu, nos últimos meses, a agonia da extinção.
Na marcha da guerra de Bush, voltou à TV na noite de anteontem, com o selo de uma década de "qualidade", como berram seus defensores. A principal atração foi, como desde o nascimento, o mesmo Paulo Francis. Em momento tipo "Vídeo Show". O programa exibiu uma série de erros e irritações do jornalista morto em 97 -quando gravava o seu quadro para o "Jornal da Globo".
Francis chuta o balde, seu esporte fino. Casmurro, solta todos aqueles vocábulos que consagraram a pornochanchada dos anos 70/ 80, uma das mais ricas fases do cinema brasileiro pré-cosmética da fome. Vai começar a gravar e um telefone toca no estúdio. Ele xinga até o bispo. De novo. Triiiim. Aí manda todo mundo à China, essa injusta metáfora geográfica para as sobras e restos humanos. Para quem perdeu, tem mais no próximo domingo, anunciou Lucas Mendes.
O pior é que o Manhattan põe no ar o show de Francis e corta direto para os comerciais. O óbvio seria voltar para os risos e comentários da bancada, da qual fazia parte, como convidada, a jornalista e escritora Sônia Nolasco, mulher do autor de "Cabeça de Papel". O "psit" do sofá gargalha e sente a falta da cumplicidade dos que fazem o programa.
Nelson Motta, ex-componente do grupo, ainda lembra o "Samba do Negão", uma marchinha esquema sátira feita por Paulo Francis para "homenagear" o senhor da guerra Colin Powell. Nos recuerdos e nas homenagens em torno da sua estrela, a mesa-redonda, que voltou em programa ao vivo, teve sustança. Sem a imagem do seu Avallone em versão cínica e ilustrada -deve continuar sob risco de vida. Ah essa carência de ídolos!
Como diria um metido a entender de Schopenhauer, falta ao Manhattan a velha arte da erística, ou seja, alguém capaz de vencer o debate mesmo sem ter um naco de razão.
Nota interessante sobre a noite de anteontem: Arnaldo Jabor já elogiou o governo Lula.


Manhattan Connection    
Quando: domingo, às 23h , na GNT



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