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TELEVISÃO
Crítica
"O Silêncio de Lorna" seduz pela frieza realista
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Tudo está certo em "O Silêncio de Lorna" (TC Cult, 17h55;
18 anos), e no entanto parece
que nada está certo.
Explico, ou tento explicar: lá
está uma jovem albanesa tentando sobreviver na Europa,
tendo para tanto de casar com
um drogado, que depois deve
morrer para que ela case com
um gângster.
Lorna é, enfim, uma vítima:
da Europa, da Albânia, das restrições à imigração, do gangsterismo pós-URSS etc. Daí seu silêncio. Lorna olha. E o filme
dos irmãos Dardenne de certo
modo fala por ela, ocupa o lugar de sua fala.
Filme na tradição realista
europeia, "Lorna" seduz pela
frieza com que expõe a questão. No entanto, algo parece
que escapa entre os dedos (ou
os olhos).
Não falta rigor aos sisudos irmãos. Mas algo nos diz que esse realismo está com data de
validade vencida.
Falta-lhe alguma coisa, a que
se pode dar o nome de vida, humor, respiração. Esse sopro de
frescor, de originalidade, que
distingue as grandes obras do
resto produzido.
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