São Paulo, quinta-feira, 11 de março de 2010

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TELEVISÃO

Crítica

"O Silêncio de Lorna" seduz pela frieza realista

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Tudo está certo em "O Silêncio de Lorna" (TC Cult, 17h55; 18 anos), e no entanto parece que nada está certo.
Explico, ou tento explicar: lá está uma jovem albanesa tentando sobreviver na Europa, tendo para tanto de casar com um drogado, que depois deve morrer para que ela case com um gângster.
Lorna é, enfim, uma vítima: da Europa, da Albânia, das restrições à imigração, do gangsterismo pós-URSS etc. Daí seu silêncio. Lorna olha. E o filme dos irmãos Dardenne de certo modo fala por ela, ocupa o lugar de sua fala.
Filme na tradição realista europeia, "Lorna" seduz pela frieza com que expõe a questão. No entanto, algo parece que escapa entre os dedos (ou os olhos).
Não falta rigor aos sisudos irmãos. Mas algo nos diz que esse realismo está com data de validade vencida.
Falta-lhe alguma coisa, a que se pode dar o nome de vida, humor, respiração. Esse sopro de frescor, de originalidade, que distingue as grandes obras do resto produzido.


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