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Edifícios são símbolos da arquitetura de SP
LUCIO GOMES MACHADO
especial para a Folha
Os dois edifícios que abrigam a
FAU marcaram as gerações que
neles estudaram e são símbolos da
arquitetura paulista.
Fundada em 1948, a FAU inicia
suas atividades ocupando as instalações da Politécnica, dando continuidade ao curso de "engenheiros-arquitetos". No ano seguinte,
o pequeno grupo de jovens da primeira turma passaria a ocupar a
antiga Vila Penteado.
Armando Alvares Penteado
doou à USP a antiga residência,
com a finalidade de ali instalar um
curso de artes. Encomendada, em
1902, por seu pai ao arquiteto Carlos Ekman, a Vila Penteado seria
durante décadas o centro da vida
familiar e um dos centros da vida
econômica de São Paulo.
O conde Antônio havia conhecido o "Art-Nouveau" em viagem
que realizara com a família à Europa e desejava ter exemplar, com a
mesma atualidade, para residir.
A formação de Ekman e as condições objetivas do artesanato local levaram à construção de uma
mansão com linhas gerais do estilo
Sezession e ornamentos com os
mais variados estilos.
Boa parte da pintura mural foi
recoberta por pintura branca por
ocasião das obras de adaptação do
edifício para abrigar a faculdade.
No entanto, o edifício sempre foi
tratado como um valioso patrimônio por professores e alunos. Com
o aprofundamento dos estudos de
história da arte e da arquitetura
desenvolvidos nos anos seguintes
foi possível usar o edifício de uma
nova forma.
A partir de 1968 a FAU passa a
funcionar em edifício projetado
por Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi. O edifício reúne características que o tornam único. Externamente apresenta uma massa de
concreto executado segundo os
padrões do brutalismo, com o
processo de execução das formas
de concreto à vista, mas ao mesmo
tempo apresenta regularidade da
forma predominante e ainda uma
sequência de apoios que enfatizam
claramente a referência à arquitetura clássica.
Antevê-se, já do exterior, a riqueza dos espaços interiores: cada
grande setor está instalado em um
determinado nível, estando todas
as funções interligadas por um notável sistema de rampas. A formação inicial de Artigas na linhagem
de Frank Lloyd Wright está lá presente com a multiplicidade de espaços interpenetrados. Mas sua
marca pessoal ultrapassa em muito as referências iniciais.
O "salão caramelo", talvez referência ao salão central da Vila
Penteado, unifica com as rampas
todo o espaço interior, cuja marca
predominante é a introspecção,
quase religiosa, consagrada ao trabalho intelectual, determinada pela inexistência de aberturas nos espaços de aulas e dos estúdios.
Infelizmente o edifício nunca foi
terminado condignamente e nem
tem sido tratado por seus ocupantes com o mesmo carinho com que
era tratada a Vila Penteado.
Um esforço de recuperação do
edifício tem início com a construção de um anexo projetado por
Giancarlo Gasperini, recentemente concluído.
Neste ano que o prédio completa
30 anos de ocupação, o corpo técnico da biblioteca conquistou uma
nova instalação para a mais valiosa coleção bibliográfica sobre arquitetura existente no Hemisfério
Sul, com projeto (do Escritório Piratininga) e execução de alta qualidade. A USP dispõe, assim, de
dois edifícios que marcam o patrimônio arquitetônico de São Paulo.
Lucio Gomes Machado é arquiteto e professor
do Departamento de História da Arquitetura e
Estética do Projeto da FAU-USP
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