São Paulo, quarta, 11 de março de 1998

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A família do sambafo

CRISTIANO MASCARO
especial para a Folha

Entrei na FAU em 64. Logo veio o golpe, que desencadeou uma união no movimento universitário. Vivíamos com professores incríveis, como Flávio Motta, Artigas, Renina Katz, Flávio Império, João Xavier, Paulo Mendes da Rocha. Era uma grande família.
O sambafo era uma instituição. No subsolo do prédio da rua Maranhão, depois das 17h, tocava-se samba e bebia-se pinga -daí o nome sambafo. Além do Chico (Buarque de Holanda), que era de casa, a gente trazia o João do Valle. O Rogério Duprat, o Caetano e o Gil foram à FAU explicar o que era o tropicalismo. A biblioteca era um centro irradiador. Fugindo das aulas chatas, em 1965, descobri a fotografia, folheando um livro de Cartier Bresson, de 52.
A gente era convocado para pintar faixas para as passeatas porque tinha letra boa. Uma manhã, entrando na sede do DCE, em cima do João Sebastião Bar, vimos que estava tudo aberto. Na madrugada, o CCC (Comando de Caça aos Comunistas) tinha invadido o DCE, e o Raul Careca, que era agente da polícia, me colocou o revólver na cabeça. Levamos uns empurrões e botaram a gente para fora correndo.


Cristiano Mascaro, 52, é fotógrafo e estudou na FAU de 1964 a 1968


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