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A família do sambafo
CRISTIANO MASCARO
especial para a Folha
Entrei na FAU em 64. Logo
veio o golpe, que desencadeou
uma união no movimento universitário. Vivíamos com professores incríveis, como Flávio
Motta, Artigas, Renina Katz,
Flávio Império, João Xavier,
Paulo Mendes da Rocha. Era
uma grande família.
O sambafo era uma instituição. No subsolo do prédio da
rua Maranhão, depois das 17h,
tocava-se samba e bebia-se
pinga -daí o nome sambafo.
Além do Chico (Buarque de
Holanda), que era de casa, a
gente trazia o João do Valle. O
Rogério Duprat, o Caetano e o
Gil foram à FAU explicar o que
era o tropicalismo. A biblioteca era um centro irradiador.
Fugindo das aulas chatas, em
1965, descobri a fotografia, folheando um livro de Cartier
Bresson, de 52.
A gente era convocado para
pintar faixas para as passeatas
porque tinha letra boa. Uma
manhã, entrando na sede do
DCE, em cima do João Sebastião Bar, vimos que estava tudo
aberto. Na madrugada, o CCC
(Comando de Caça aos Comunistas) tinha invadido o DCE, e
o Raul Careca, que era agente
da polícia, me colocou o revólver na cabeça. Levamos uns
empurrões e botaram a gente
para fora correndo.
Cristiano Mascaro, 52, é fotógrafo e estudou na FAU de 1964 a 1968
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