MARIA ERCILIA
do Universo Online

A primeira vez que usei um dos chamados "agentes inteligentes", fui com um pé atrás. Firefly era o nome dele e queria me recomendar filmes. Achei um pouco demais uma máquina querer distinguir meus filmes preferidos.
Mas os tempos mudaram, a Internet cresceu, e o cérebro da gente continua do mesmo tamanho. A idéia de um agente que faça o trabalho duro por mim parece cada vez mais razoável. Até porque existem cada vez mais lojas eletrônicas. Posso preferir que meus amigos me indiquem filmes, mas não vou esperar que comparem preços para mim. E isso os agentes fazem muito bem.
E já começam a aparecer alguns agentes brasileiros. A Família Miner (www.miner.dcc.ufmg.br/metaminer.html), do estudante Victor Ribeiro (ao pé da letra: família mineira), já tem quatro membros: BookMiner, CDMiner, MetaMiner e NewsMiner.
O NewsMiner busca notícias em vários jornais brasileiros, o BookMiner e o CDMiner pesquisam títulos em várias livrarias e lojas de discos brasileiras e internacionais, e o MetaMiner pesquisa simultaneamente em vários programas de busca.
Segundo Ribeiro, o "modelo dos Miners permite expansão para vários assuntos. Estou trabalhando em alguns novos, entre eles o DoctorMiner, especializado em medicina e odontologia, e o CompuMiner, hardware e software comerciais". Os Miners foram tema da tese de mestrado de Ribeiro, defendida na Universidade Federal de Minas Gerais.
Para o comércio on line, os agentes são uma faca de dois gumes. Por um lado, atraem visitantes, fazendo com que uma pessoa seja exposta a mais "lojas" em menos tempo.
Por outro, como facilitam muito a cotação de preços, podem a médio prazo obrigar as lojas a uma guerra de descontos. O uso de agentes também dilui um pouco as marcas, já que o "cliente" não precisa nem "entrar" na loja.
Para o "cliente", são uma bênção. Ganham tempo e vão direto ao que interessa. Ao contrário da mídia "push", o agente trabalha a favor do usuário. O "push", ao empurrar informação predeterminada, reduz as suas alternativas. O agente, ao estruturar e organizar informação que já existe na Web, as amplia.
Alguns setores do comércio já sentem o impacto dessa nova maneira de comprar. As vendas de passagens aéreas on line foram de US$ 276 milhões nos EUA, em 96. Em 97, pularam para US$ 827 milhões! Foram 6,3 milhões de pessoas fazendo reservas pela Internet no ano passado -1% do total de vendas de passagens (Jupiter Communications).
O setor de passagens aéreas nem precisa muito de agentes inteligentes. Os sistemas de reserva, como o Sabre e o Apollo, exibem as menores tarifas.
Há um mito de que na Web há preços de passagens mais baixos. Os sistemas on line apenas tornam os melhores preços mais fáceis de encontrar. E muitas vezes você descobre que pode ter descontos que seu agente não informou.
Aqui no Brasil você pode usar serviços internacionais de reserva de passagens, mas é necessário efetuar a compra por meio de uma agência brasileira. O Travelocity (www.travelocity.com) é um dos sites que oferecem essa possibilidade.
Teste de Turing

Falando em agentes inteligentes: entre hoje e o próximo dia 20, a BBC inglesa organiza um teste de Turing para avaliar programas de inteligência artificial no programa "Tomorrow's World". A versão on line do teste será no site Fringeware (www.fringeware.com). Os programas examinados serão "Barry deFacto" e "Alice". O público pode participar da avaliação.