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"A Grande Ilusão" chega direto em DVD
Com Sean Penn e elenco estelar, "remake" de filme de 1949 fracassou nos EUA após badalada espera
TETÉ RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE TORONTO
"A Grande Ilusão", longa-metragem escrito e dirigido por
Steven Zaillian (de "A Qualquer
Preço", com John Travolta e
Robert Duvall), era uma das estréias mais esperadas do prestigioso Festival de Toronto, no
Canadá, em setembro do ano
passado. O lançamento tinha
sofrido um atraso de mais de
um ano porque as filmagens
demoraram muito mais do que
o previsto e o diretor queria
editar seu épico sem nenhuma
pressa -era seu principal trabalho e ele não aceitaria nada
menos do que a perfeição.
A interpretação de Sean
Penn para Willie Clark, um político idealista que acaba se corrompendo quando chega ao poder (personagem fictício baseado no governador Huey Long,
da Louisiana, entre 1928 e 1932,
depois eleito senador pelo Partido Democrata), prometia
uma indicação ao Oscar mesmo
antes que qualquer membro da
Academia tivesse visto um trecho do filme. O suspense em
torno da refilmagem do romance de 1946, escrito por Robert
Penn Warren, que já havia sido
transformado em longa-metragem em 1949 e recebido três
Oscars, era imensa.
Não era para menos. O elenco não podia ter mais estrelas:
Jude Law, Kate Winslet, James
Gandolfini, Anthony Hopkins,
Mark Ruffalo e Patrícia Clarkson são os atores centrais. A cidade em que se passa a história,
e onde o filme foi rodado, Nova
Orleans, estava quase toda embaixo d'água depois de ser atingida pelo furacão Katrina. Muito porque tinha acabado de filmar por lá, o ator Sean Penn
apareceu em toda a mídia ajudando a resgatar as vítimas da
enchente que tomou a cidade
de assalto. No ano anterior, durante seu discurso pelo Oscar
de melhor ator coadjuvante
(pelo filme "Sobre Meninos e
Lobos"), o ator havia defendido
seu parceiro de filme Jude Law,
que tinha virado motivo de piada do apresentador Chris Rock.
Na entrevista que deu em Toronto, o diretor Steven Zaillian
disse que não havia assistido à
versão original, mas acreditava
que a história merecia a refilmagem. "O livro é uma obra-prima, e desde que li pela primeira vez sonhei em transformá-lo em filme", afirmou. Sobre os atrasos das filmagens,
Sean Penn brincou: "Ninguém
me disse que ia ser fácil, mas
ninguém avisou que seria tão
difícil"; Kate Winslet defendeu
sua escolha: "O roteiro era maravilhoso, a personagem, ótima, e o elenco não podia ser
melhor. Que atriz diz não a um
papel desses?".
Antes da edição
James Gandolfini, que ainda
não tinha visto o filme editado,
disse que trabalhar ao lado de
Sean Penn foi um dos grandes
momentos de sua carreira. "Até
hoje me lembro de um discurso
que ele fez, e como a cada tomada ele mudava sua entonação e
fazia as palavras terem mais e
mais profundidade."
Patrícia Clarkson, a única
nascida em Nova Orleans, contou que apresentar o filme depois do Katrina trazia memórias boas e ruins.
"Durante as
filmagens, visitei meus parentes, lembrei da cidade em que
nasci e cresci e foi tão bom",
contou. "Depois do Katrina, a
vida de vários amigos e parentes foi completamente transformada, e eu vejo e cidade da
minha infância no filme, tão viva, tão cheia de charme." E concluiu: "Acho que os governantes devem reconstruir os diques, depois devem reconstruir
a si mesmos, pois ambos falharam miseravelmente".
Aí, o filme foi exibido. E começou a chover crítica negativa. "A Grande Ilusão" foi ignorado pelo público e pelos prêmios -não foi nem indicado a
nada, apesar da multiplicação
em progressão geométrica das
premiações de cinema em
Hollywood. Foi esquecido
completamente. Os dois extremos são injustos -o longa não
merecia tanto entusiasmo antes de ser exibido, nem tanto
desdém após a estréia. Mas sai
agora no Brasil, direto em DVD.
A jornalista TETÉ RIBEIRO viajou a convite da
Sony e da Paramount
A GRANDE ILUSÃO
Direção: Steven Zaillian
Distribuição: Sony (só para locação)
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