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Antunes Filho volta à TV Cultura
Emissora resgata seu núcleo de teledramaturgia, desativado há 30 anos; projeto adaptará textos de teatro para o vídeo
GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A TV Cultura, em parceria
com o SescTV, anunciou ontem
o resgate de seu núcleo de teledramaturgia, extinto há 30
anos. O projeto, que a partir de
julho leva à televisão peças teatrais de autores de várias épocas e nacionalidades, também
resgata o trabalho de Antunes
Filho na TV. Nos anos 70, Antunes dirigiu uma série de textos originalmente escritos para
o palco em "Antunes Filho em
Preto e Branco".
No novo projeto, o diretor
não assume as filmagens, assina apenas a coordenação, selecionando e orientando os profissionais envolvidos. Atrás das
câmeras estão diretores de teatro mais jovens, como Samir
Yazbek, Rodolfo García Vázquez e Beth Lopes. "Não vi motivos para eu assumir a direção
dos trabalhos. Queria dar espaço para essa turma que está tinindo por aí. Preferi continuar
com as minhas besteiras no
teatro", brincou Antunes.
Cada um dos 16 episódios
tem uma hora de duração e junta dois espetáculos. A expectativa da direção da TV Cultura é
que o projeto se estenda, com
outros nomes das artes cênicas.
"Estamos chamando vulgarmente essas peças de pilotos,
porque tenho certeza de que
podemos criar uma série de outros trabalhos", diz Analy Alvarez, coordenadora do núcleo de
dramaturgia da TV Cultura e
idealizadora do projeto.
Liberdade
Textos e elenco de cada trabalho foram escolhidos pelos
diretores selecionados por Antunes e por Analy e não seguem
um estilo de linguagem, nacionalidade ou época. "Dei liberdade total a eles", diz Antunes.
Yazbek, por exemplo, escreveu um texto especialmente
para o projeto: "Vestígios", sobre jovem que viaja para o interior do país para cuidar dos negócios de seu falecido pai. Marco Antônio Braz recorre à obra
de Plínio Marcos, encenando
"Quando as Máquinas Param",
história de um jovem casal desolado diante de uma cruel realidade econômica e social; e André Garolli leva à TV texto já
encenado por ele no teatro,
"Zona de Guerra", de Eugene
O'Neill, sobre grupo de marujos em conflito por conta de
uma misteriosa mala.
"Finalmente quebramos o
divórcio que houve entre teatro
e televisão", afirma Danilo de
Miranda, presidente do Sesc.
Para justificar essa separação
de 30 anos, na TV Cultura,
Marcos Mendonça, presidente
da fundação Padre Anchieta,
explica: "Acredito que a televisão comercial saiu na frente, tomou conta da teledramaturgia,
se equipando, contratando profissionais do mais alto gabarito,
se modernizando".
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