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comentário
Chatice está em tom professoral
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
A gastronomia era vista
no Brasil como algo aristocrático, não como um gesto de sensibilidade ao alcance de quem quisesse
exercê-lo. "Estômago" não
é sobre o assunto mas retrata uma visão que está
mais em voga hoje: a de
que a habilidade em transformar alimentos em arte
culinária pode ser achada
em qualquer parte, e que
esta sofisticação entrega a
quem a domina poder -de
impor respeito, de sedução e até de vida e morte.
É o que faz o personagem do filme, seja num boteco, na cadeia ou num
restaurante. Há momentos chatos de explicações
professorais sobre pratos
e vinhos. São melhores as
explicações confusas dadas pelo cozinheiro -os
erros de informação acentuam o intuitivo e o talento inato nessa arte. Dos erros o mais curioso é quando ele explica, a uma prostituta, que molho à puttanesca não tem nada a ver
com puta. Mas tem.
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