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Filme reabilita pioneiro esquecido do rádio e da TV
Ademar Casé lançou grandes nomes como Noel Rosa
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Naquele tempo, a mulher tinha que ser primeiro mulher
antes de cantar. Tinha que dar",
diz Stella Caymmi, ao lado do
marido, Dorival. Regina Casé
dispara: "Desculpe perguntar,
você deu pro meu avô?".
O avô da apresentadora é
Ademar Casé (1902-1993), pioneiro da TV e do rádio, "patrão"
de estrelas das décadas de 30 e
40, como Noel Rosa, Carmem
Miranda, Silvio Caldas, Orlando Silva e o próprio Caymmi.
"Não", responde Stella. "É
que a maioria dava e subia." A
conversa se deu em 2004, na
comemoração dos 90 anos de
Caymmi, e está na cinebiografia "Programa Casé - O que A
Gente Não Inventa Não Existe", a ser exibida hoje no Festival É Tudo Verdade, no Rio, e
na terça e quarta, em São Paulo.
O diretor é Estevão Ciavatta,
41, marido de Regina Casé, 55, e
sócio da Pindorama, produtora
do longa-metragem. O projeto,
conta, começou há dez anos,
quando ele recebeu o arquivo
pessoal de Ademar, com depoimento gravado, fotos, contratos e filmes de 16mm com registros familiares, como a festa
de um ano de Regina, e de cenas
do Rio, onde despontou, e de
Pernambuco, seu Estado natal.
No garimpo por mais material, Ciavatta descobriu que
nem ele, apesar de membro da
família, tinha noção "da importância de Ademar para a história da comunicação brasileira".
Migrante nordestino, Ademar "tinha tudo para ser pedreiro", mas queria mais, diz
Regina. O rádio estava nascendo, na década de 20, quando ele
chegou ao Rio e teve a ideia de
procurar na lista telefônica as
pessoas mais abastadas da cidade para tentar vender aparelhos Phillips. Com o sucesso
das vendas, decidiu arrendar
um horário no rádio.
"Programa Casé" estreou em
1932, quando não havia parâmetros para o novo mercado.
"Gostava de música popular e
erudita. Coloquei popular das
20h às 22h e erudita das 22h à
meia-noite. No primeiro horário, o telefone não parava de tocar. Às 22h, ficava mudo. Percebi que deveria ir para o lado
mais popular", conta Ademar.
Com esse faro, vieram os jingles, as radionovelas, os contratos exclusivos da era de ouro do
rádio. Em 1951, Ademar foi para a TV Tupi, recém-inaugurada. Boni, mentor da TV Globo,
conta no filme o comentário da
época: "Se Ademar foi para a televisão, o rádio acabou".
PROGRAMA CASÉ - O QUE A GENTE NÃO INVENTA NÃO EXISTE
Direção: Estevão Ciavatta
Quando: hoje, às 15h, no Unibanco
Arteplex (Rio); dia 13, às 21h;
dia 14, às 15h, no Espaço Unibanco
(São Paulo)
Classificação: livre
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