São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010

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Filme reabilita pioneiro esquecido do rádio e da TV

Ademar Casé lançou grandes nomes como Noel Rosa

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Naquele tempo, a mulher tinha que ser primeiro mulher antes de cantar. Tinha que dar", diz Stella Caymmi, ao lado do marido, Dorival. Regina Casé dispara: "Desculpe perguntar, você deu pro meu avô?".
O avô da apresentadora é Ademar Casé (1902-1993), pioneiro da TV e do rádio, "patrão" de estrelas das décadas de 30 e 40, como Noel Rosa, Carmem Miranda, Silvio Caldas, Orlando Silva e o próprio Caymmi.
"Não", responde Stella. "É que a maioria dava e subia." A conversa se deu em 2004, na comemoração dos 90 anos de Caymmi, e está na cinebiografia "Programa Casé - O que A Gente Não Inventa Não Existe", a ser exibida hoje no Festival É Tudo Verdade, no Rio, e na terça e quarta, em São Paulo.
O diretor é Estevão Ciavatta, 41, marido de Regina Casé, 55, e sócio da Pindorama, produtora do longa-metragem. O projeto, conta, começou há dez anos, quando ele recebeu o arquivo pessoal de Ademar, com depoimento gravado, fotos, contratos e filmes de 16mm com registros familiares, como a festa de um ano de Regina, e de cenas do Rio, onde despontou, e de Pernambuco, seu Estado natal.
No garimpo por mais material, Ciavatta descobriu que nem ele, apesar de membro da família, tinha noção "da importância de Ademar para a história da comunicação brasileira".
Migrante nordestino, Ademar "tinha tudo para ser pedreiro", mas queria mais, diz Regina. O rádio estava nascendo, na década de 20, quando ele chegou ao Rio e teve a ideia de procurar na lista telefônica as pessoas mais abastadas da cidade para tentar vender aparelhos Phillips. Com o sucesso das vendas, decidiu arrendar um horário no rádio.
"Programa Casé" estreou em 1932, quando não havia parâmetros para o novo mercado.
"Gostava de música popular e erudita. Coloquei popular das 20h às 22h e erudita das 22h à meia-noite. No primeiro horário, o telefone não parava de tocar. Às 22h, ficava mudo. Percebi que deveria ir para o lado mais popular", conta Ademar.
Com esse faro, vieram os jingles, as radionovelas, os contratos exclusivos da era de ouro do rádio. Em 1951, Ademar foi para a TV Tupi, recém-inaugurada. Boni, mentor da TV Globo, conta no filme o comentário da época: "Se Ademar foi para a televisão, o rádio acabou".


PROGRAMA CASÉ - O QUE A GENTE NÃO INVENTA NÃO EXISTE

Direção: Estevão Ciavatta
Quando: hoje, às 15h, no Unibanco Arteplex (Rio); dia 13, às 21h; dia 14, às 15h, no Espaço Unibanco (São Paulo)
Classificação: livre




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