São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ex-jogador filma os próprios pares

"Fora de Campo" acompanha a rotina dos jogadores anônimos das terceira e quarta divisões do futebol

ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Cidade-satélite criada para abrigar famílias que, segundo o governo militar, estavam "invadindo" o plano-piloto, Ceilândia nasceu como terra vazia. À medida em que iam surgindo casas, surgiam também, sem grama, campos de futebol.
"Jogar futebol era a única coisa que tinha pra fazer", conta Adirley Queirós, ex-jogador que, aos 28 anos, foi estudar cinema e hoje, aos 40, mal acredita que foi selecionado para o É Tudo Verdade. "Vou ser sincero: não achei que a gente tivesse chance." Efeito, talvez, do trauma futebolístico.
"Fora de Campo" fala do futebol que a TV não mostra, dos jogadores que os cartolas não disputam. Segundo Queirós, existem cerca de 500 times cadastrados na CBF. Desses, 40 pertencem às séries A ou B. É o mundo anônimo que o filme tateia. O próprio diretor foi jogador profissional de futebol. Ganhava entre dois e três salários mínimos.
"Mas, mesmo ganhando pouco, sendo jogador de futebol, você tem uma moral. O dono do bar te paga cerveja, você faz sucesso com as mulheres. E, mais do que tudo, você adora jogar."
Queirós assinou o primeiro contrato aos 16 anos, com o Ceilândia. O sonho do time grande chegou a parecer possível quando foi jogar na equipe de juniores da Ponte Preta, de Campinas. Ele jogou até os 25 e, ainda hoje, sonha que está em campo e acorda com cãibra.
Quando parou de jogar, começou a dar aulas particulares de matemática e física. Resolveu prestar vestibular. Optou por cinema porque, na área de comunicação, era a nota de corte mais baixa.
Hoje, está à frente de um coletivo de cinema em Ceilândia -que teve três curtas selecionados para o Festival de Brasília- e divide-se entre os filmes e o serviço público. "Mas acho que ainda vou viver de cinema."


FORA DE CAMPO

Direção: Adirley Queirós
Quando: hoje, às 21h, no Espaço Unibanco; amanhã (12), às 15h, no Espaço Unibanco, (São Paulo); às 21h, no Unibanco Arteplex; terça (13), às 17h, no Unibanco Arteplex (Rio)
Classificação: não informada




Texto Anterior: Filme reabilita pioneiro esquecido do rádio e da TV
Próximo Texto: Lupicínio Rodrigues é destaque da Coleção
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.