São Paulo, domingo, 11 de abril de 2010

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Crítica/"S.O.S. Emergência"

Série mistura "Zorra Total" e novela das 7h

Renato Rocha Miranda/TV Globo
Gillray Coutinho e Bruno Garcia em "S.O.S. Emergência"

JAMES CIMINO
DA REPORTAGEM LOCAL

As séries médicas se tornaram um clichê bastante lucrativo na televisão americana e mundial. Aqui no Brasil, no entanto, sucessos como "Grey's Anatomy", "ER" e "House" vão muito bem na TV paga, mas têm pouco apelo na programação gratuita.
O SBT, que tem vários desses títulos na grade, geralmente os exibe na madrugada. Apenas "ER" foi ao ar pela Globo, na década de 1990, após a novela das oito, sob o título de "Plantão Médico". E, mesmo com George Clooney, não durou muito na grade, embora sua última temporada tenha sido exibida nos EUA só no ano passado.
Por isso parece estranho que a Globo resolva investir nesse filão ao lançar, no domingo passado, "S.O.S. Emergência", uma comédia escrita pelos roteiristas Daniel Adjafre e Marcius Melhem, de "Casos e Acasos", sobre o cotidiano de um hospital, digamos, "muito louco".
O horário da atração, logo após o "Fantástico", já foi ocupado pelo "Sai de Baixo", que, com "A Grande Família" e "Toma Lá, Dá Cá", são as três séries humorísticas de maior sucesso da emissora nas últimas décadas. Em comum, têm o fato de retratar a chamada comédia da vida privada, com situações restritas ao núcleo familiar.
Um assunto que a Globo domina e que a audiência aprecia.
Diferentemente dos americanos, a emissora nunca fez uma série médica e, a julgar pelo primeiro episódio, não fez nem a extensa pesquisa de situações, doenças, nomenclaturas, procedimentos cirúrgicos e especialidades necessária para dar àquele microcosmo o tal do sentido que a ficção precisa ter.
Inspirada em "Scrubs", uma série que satiriza o ambiente hospitalar, "S.O.S. Emergência" inova no formato, mas preenche o conteúdo com o recorrente pastelão.
Talvez tenha sido uma opção "estética" pela superficialidade, já que a linguagem médica é pouco acessível à audiência média, mas isso fez a emissora produzir uma série "inovadora" com linguagem ultrapassada. Parece novela das sete misturada com "Zorra Total" no horário de "Sai de Baixo".
E, embora o elenco seja bom, os personagens são fracos. Não há um Caco Antíbes, uma Dona Nenê ou um Seu Ladir, com o bordão "É mara!".
Quando os americanos resolveram fazer "Scrubs", já tinham um vasto know-how em séries médicas, por isso a sátira foi bem-sucedida. Isso faz lembrar o que disse a crítica de teatro Barbara Heliodora à Folha, no ano passado, ao criticar a obsessão pelo experimentalismo no teatro, "não se pode fazer a variação antes do tema".


S.O.S. EMERGÊNCIA

Quando: dom., às 23h10, na Globo
Classificação: livre
Avaliação: regular




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