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MÚSICA
Banda norte-americana tocou para quase 8.000 pessoas no último sábado
Pixies põe Curitiba na história do rock
DIEGO ASSIS
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA
Eram 19 bandas, dois dias de
evento, uma centena de reais desembolsados e, não raro, muitos
quilômetros percorridos para
chegar até lá. Mas não há como
negar: a segunda edição do Curitiba Pop Festival, realizada na sexta-feira e no sábado, vai ficar mesmo conhecida como "a vez em
que os Pixies tocaram no Brasil".
Após uma pausa de mais de dez
anos, a banda norte-americana
iniciou sua volta aos palcos no
mês passado pelos EUA, com
uma única e disputadíssima escala no Brasil. Nem São Paulo, nem
Rio. O local escolhido foi Curitiba.
À meia-noite em ponto de sábado, quando os Pixies abriram sua
apresentação com a incendiária
"Bone Machine", os quase 8.000
ingressos reservados para noite
haviam sido vendidos.
Apesar da tentativa de isolar os
dois públicos (os que compraram
seus ingressos na primeira leva,
de 3.000, e os que só conseguiram
comprar depois), as grades de separação foram retiradas pelos policiais, e as pessoas se espremeram
em frente ao palco para cantar
juntas as 26 músicas do repertório
da banda, referência para nove
em cada dez grupos de rock importantes da década de 90.
Acusada de "mercenária" diante da volta repentina, a banda
mostrou competência e entrosamento no palco e fez um show
concentrado em seus três primeiros discos, "Come on Pilgrim"
(87), "Surfer Rosa" (88) e "Doolittle" (89). No bis, que teve os megahits "Gigantic" e "Debaser", foram incluídos ainda o lado B "Into the White" e, de improviso, a
emblemática "Planet of Sound",
do disco "Trompe Le Monde"
(91), o último oficial do Pixies.
Avesso à imprensa e ao assédio
dos fãs, como já era esperado, o líder da banda, Frank Black (Black
Francis), entrou mudo e saiu calado. Deu tchauzinho para o público e um sorriso amarelo para
mostrar que estava tudo bem com
a baixista Kim Deal (dizem as más
línguas, seu desafeto nos últimos
anos), mas nada de "Oi, Brazil!" e
nenhum "Obrrrigado", com sotaque tosco. Os Pixies estavam aqui
a trabalho. Com shows marcados
na Europa e nos EUA, pareciam
não estar para brincadeira.
Vendidos? Pode até ser. Mas a
verdade é que a "mercadoria"
continua valendo cada centavo
investido. (E sairia barata se dessa
turnê resultasse ainda um ao disco vivo ou até um novo álbum.)
A noite teve outro ponto alto: a
igualmente histórica reunião
punk cafajeste de Frank Jorge,
Wander Wildner e Flu, relembrando pérolas do rock gaúcho.
Comparada ao sábado, a sexta-feira foi morna -um adjetivo
melhor, se considerarmos o frio
que fazia na Pedreira, seria "gelada". O destaque foi o show dos escoceses do Teenage Fanclub. Com
a simpatia e o repertório (de hits)
semelhantes aos de suas três apresentações em São Paulo, no início
da semana passada, a outra estrela indie do festival elevou um pouquinho a temperatura da noite.
O jornalista Diego Assis viajou a convite
do Curitiba Pop Festival
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