São Paulo, terça-feira, 11 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA

Banda norte-americana tocou para quase 8.000 pessoas no último sábado

Pixies põe Curitiba na história do rock

DIEGO ASSIS
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

Eram 19 bandas, dois dias de evento, uma centena de reais desembolsados e, não raro, muitos quilômetros percorridos para chegar até lá. Mas não há como negar: a segunda edição do Curitiba Pop Festival, realizada na sexta-feira e no sábado, vai ficar mesmo conhecida como "a vez em que os Pixies tocaram no Brasil".
Após uma pausa de mais de dez anos, a banda norte-americana iniciou sua volta aos palcos no mês passado pelos EUA, com uma única e disputadíssima escala no Brasil. Nem São Paulo, nem Rio. O local escolhido foi Curitiba.
À meia-noite em ponto de sábado, quando os Pixies abriram sua apresentação com a incendiária "Bone Machine", os quase 8.000 ingressos reservados para noite haviam sido vendidos.
Apesar da tentativa de isolar os dois públicos (os que compraram seus ingressos na primeira leva, de 3.000, e os que só conseguiram comprar depois), as grades de separação foram retiradas pelos policiais, e as pessoas se espremeram em frente ao palco para cantar juntas as 26 músicas do repertório da banda, referência para nove em cada dez grupos de rock importantes da década de 90.
Acusada de "mercenária" diante da volta repentina, a banda mostrou competência e entrosamento no palco e fez um show concentrado em seus três primeiros discos, "Come on Pilgrim" (87), "Surfer Rosa" (88) e "Doolittle" (89). No bis, que teve os megahits "Gigantic" e "Debaser", foram incluídos ainda o lado B "Into the White" e, de improviso, a emblemática "Planet of Sound", do disco "Trompe Le Monde" (91), o último oficial do Pixies.
Avesso à imprensa e ao assédio dos fãs, como já era esperado, o líder da banda, Frank Black (Black Francis), entrou mudo e saiu calado. Deu tchauzinho para o público e um sorriso amarelo para mostrar que estava tudo bem com a baixista Kim Deal (dizem as más línguas, seu desafeto nos últimos anos), mas nada de "Oi, Brazil!" e nenhum "Obrrrigado", com sotaque tosco. Os Pixies estavam aqui a trabalho. Com shows marcados na Europa e nos EUA, pareciam não estar para brincadeira.
Vendidos? Pode até ser. Mas a verdade é que a "mercadoria" continua valendo cada centavo investido. (E sairia barata se dessa turnê resultasse ainda um ao disco vivo ou até um novo álbum.)
A noite teve outro ponto alto: a igualmente histórica reunião punk cafajeste de Frank Jorge, Wander Wildner e Flu, relembrando pérolas do rock gaúcho.
Comparada ao sábado, a sexta-feira foi morna -um adjetivo melhor, se considerarmos o frio que fazia na Pedreira, seria "gelada". O destaque foi o show dos escoceses do Teenage Fanclub. Com a simpatia e o repertório (de hits) semelhantes aos de suas três apresentações em São Paulo, no início da semana passada, a outra estrela indie do festival elevou um pouquinho a temperatura da noite.


O jornalista Diego Assis viajou a convite do Curitiba Pop Festival


Texto Anterior: Literatura: "Somos apaixonados pelo fim da civilização"
Próximo Texto: Editoras: Venda de livros cai em 2003, diz pesquisa
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.