São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMIDA

La Frontera evoca sabores puros

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Ouvir que a proprietária do Martín Fierro, Ana Maria Massochi, abriu um novo restaurante só pode ser boa notícia. A casa que ela fundou com um sócio em 1980 (e que há cinco anos passou a ser somente dela e do filho) é uma das boas churrascarias da cidade e além disso é um lugar agradável, também com alguns pratos de cozinha argentina. Se seu novo restaurante fosse parecido, já estaria muito bom.
Mas não é (e isto está longe de ser um defeito). O La Frontera é diferente em tudo, a não ser pelo fato de ter também algumas carnes. Mas nasceu em Higienópolis, não na Vila Madalena. Está ambientado como se fosse um antigo e amplo boteco, mais frio que a casinha onde fica o Martín Fierro. E, principalmente, não serve pratos argentinos nem seu forte é a carne, mas sim uma cozinha variada de corte mediterrâneo.
Trata-se, portanto, de outro empreendimento, bem diverso. Ana, 55, além do filho Carlos Livieres, 31, argentino como ela, tomou como sócio o chef Léo Botto, 24, que vinha tocando a cozinha do Martín Fierro. Não será mera coincidência se você reparar numa incrível semelhança entre a cozinha do La Frontera e aquela praticada pela chef Paola Carosella, que foi a inspiradora e chef do Julia Cocina (de onde saiu há tempos). Acontece que o chef Léo -que começou a carreira como garçom e barman, estudou gastronomia, foi assistente de cozinha no Spot e estagiou em bons restaurantes, um deles em Nova York- trabalhou com a chef, no Julia, por dois anos, e reconhece em Paola sua grande influência profissional.
Por isso, a ênfase em pratos relativamente simples, com economia de ingredientes, realce dos sabores puros e delicadeza na confecção reaparecem no La Frontera, num cardápio pequeno mas atraente. Alguns exemplos desse partido são as sardinhas apenas marinadas e grelhadas; o polvo grelhado (um pouco queimado, mas macio) acompanhado de uma deliciosa salada de pupunha, tomatinhos, cebola roxa e molho de limão siciliano; uma cremosa polenta italiana com ragu de cogumelos e mascarpone; a garoupa grelhada com batatinha e cebolinha verde dourada e tapenade de azeitonas kalamata; e os grelhados, como a fraldinha (que passou do ponto) ou o ojo de bife, este impecável (um bom acompanhamento são as rodelas de batata-doce frita com alecrim).
A comida é boa, uma variedade maior de vinhos seria bem-vinda para acompanhá-la. Mas há garrafas interessantes a bom preço. Preço, aliás, é um dos fortes do La Frontera: boa comida sem nenhum excesso na hora de pagar.

@ - josimar@basilico.com.br


Texto Anterior: Nina Horta: Lembranças maternas
Próximo Texto: La Frontera
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.