|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMIDA
La Frontera evoca sabores puros
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
Ouvir que a proprietária do
Martín Fierro, Ana Maria
Massochi, abriu um novo restaurante só pode ser boa notícia. A
casa que ela fundou com um sócio
em 1980 (e que há cinco anos passou a ser somente dela e do filho)
é uma das boas churrascarias da
cidade e além disso é um lugar
agradável, também com alguns
pratos de cozinha argentina. Se
seu novo restaurante fosse parecido, já estaria muito bom.
Mas não é (e isto está longe de
ser um defeito). O La Frontera é
diferente em tudo, a não ser pelo
fato de ter também algumas carnes. Mas nasceu em Higienópolis,
não na Vila Madalena. Está ambientado como se fosse um antigo
e amplo boteco, mais frio que a
casinha onde fica o Martín Fierro.
E, principalmente, não serve pratos argentinos nem seu forte é a
carne, mas sim uma cozinha variada de corte mediterrâneo.
Trata-se, portanto, de outro empreendimento, bem diverso. Ana,
55, além do filho Carlos Livieres,
31, argentino como ela, tomou como sócio o chef Léo Botto, 24, que
vinha tocando a cozinha do Martín Fierro. Não será mera coincidência se você reparar numa incrível semelhança entre a cozinha
do La Frontera e aquela praticada
pela chef Paola Carosella, que foi a
inspiradora e chef do Julia Cocina
(de onde saiu há tempos). Acontece que o chef Léo -que começou a carreira como garçom e barman, estudou gastronomia, foi
assistente de cozinha no Spot e estagiou em bons restaurantes, um
deles em Nova York- trabalhou
com a chef, no Julia, por dois
anos, e reconhece em Paola sua
grande influência profissional.
Por isso, a ênfase em pratos relativamente simples, com economia de ingredientes, realce dos sabores puros e delicadeza na confecção reaparecem no La Frontera, num cardápio pequeno mas
atraente. Alguns exemplos desse
partido são as sardinhas apenas
marinadas e grelhadas; o polvo
grelhado (um pouco queimado,
mas macio) acompanhado de
uma deliciosa salada de pupunha,
tomatinhos, cebola roxa e molho
de limão siciliano; uma cremosa
polenta italiana com ragu de cogumelos e mascarpone; a garoupa
grelhada com batatinha e cebolinha verde dourada e tapenade de
azeitonas kalamata; e os grelhados, como a fraldinha (que passou do ponto) ou o ojo de bife, este impecável (um bom acompanhamento são as rodelas de batata-doce frita com alecrim).
A comida é boa, uma variedade
maior de vinhos seria bem-vinda
para acompanhá-la. Mas há garrafas interessantes a bom preço.
Preço, aliás, é um dos fortes do La
Frontera: boa comida sem nenhum excesso na hora de pagar.
@ - josimar@basilico.com.br
Texto Anterior: Nina Horta: Lembranças maternas Próximo Texto: La Frontera Índice
|