São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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Alcino Leite Neto - ultima.moda@folha.com.br

Grife lança nova marca para público jovem; estréia será em junho, na SPFW

A Ellus, uma das empresas pioneiras do jeanswear fashion no Brasil, lançará uma segunda marca, dedicada ao público jovem e pilotada pela estilista Rita Wainer. A grife, que fará sua estréia já na próxima edição da São Paulo Fashion Week, vai se chamar 2nd Floor ("segundo andar") e será um desdobramento do projeto de mesmo nome, criado pela marca em 2002 para divulgar o trabalho de jovens criadores.
Atualmente, a Ellus 2nd Floor funciona no segundo andar da loja da Ellus na rua Oscar Freire, em São Paulo, e faz o papel de uma multimarcas alternativa, que reúne grifes hype como Neon, Reserva e Ash.
A partir da temporada de verão, o espaço passará a vender também as roupas da grife 2nd Floor. "No primeiro estágio, as peças serão vendidas na Oscar Freire e em multimarcas. Depois, queremos abrir lojas próprias", conta Adriana Bozon, diretora de criação da Ellus e da 2nd Floor e casada com o dono da grife, Nelson Alvarenga.
Segundo Adriana, a escolha de Rita foi baseada no bom trabalho que a estilista vem desenvolvendo em sua marca própria, a Theodora, e nas coleções que ela criou para o projeto Ellus 2nd Floor.
Mesmo com o novo compromisso, Rita manterá a Theodora em atividade e continuará desfilando com a marca no Fashion Rio. "Na Theodora vou fazer o meu trabalho autoral, bem pessoal, e aqui vou entrar no espírito da nova grife", diz a designer.
Sobre a tarefa de conciliar as duas coleções, ela se mostra tranqüila. "Sou organizada e faço várias coisas ao mesmo tempo, sem que uma história atrapalhe a outra. Pelo contrário, acho que sairei ganhando em experiência dos dois lados", completa.

Espírito universitário
Para Rita, a 2nd Floor vai atender os desejos do público na casa dos 20 anos, que está na faculdade, tem informação de moda e quer modelitos bacanas para viajar, se jogar nas baladas e circular com os amigos. "O espírito é bem para cima, alto-astral. Por isso, teremos muitas estampas, muitas cores, tudo vibrante", adianta.
Para a coleção de verão, que vai encerrar o calendário de desfiles da SPFW, em junho, a estilista se inspirou na idéia de paraíso, nos pintores surrealistas e no quadro "O Jardim das Delícias", do holandês Hieronimus Bosch (1450-1516).
A nova grife, segundo Adriana, foi pensada para suprir um nicho de mercado que a empresa considera mal explorado. Assim, a Ellus atenderia o público na casa dos 30, e a 2nd Floor daria conta do consumidor recém-saído da adolescência. "Queremos ter no jeanswear fashion e jovem o mesmo alcance de distribuição e variedade de produtos que, por exemplo, a Puma, oferece hoje no sportswear", afirma.
O estilo de possíveis concorrentes, como Zapping e Triton -marcas jovens da Zoomp e da Forum, respectivamente-, não está no horizonte da 2nd Floor. "Não conheço a estrutura interna dessas empresas, mas a Zapping está sumida, e a Triton não tem apresentado grandes novidades nos últimos tempos. Acho que estamos chegando com uma proposta realmente fresca", diz Adriana.
Segundo a diretora de criação, a Ellus está trabalhando com estabilidade financeira e vai investir na segmentação de públicos para aumentar seu mercado, sem, no entanto, se distanciar do jeanswear.

Swarovski diz buscar o "luxo democrático"

A primeira loja Swarovski no Brasil foi aberta em 2000. Desde então, a empresa inaugurou sete outras no país -uma por ano. E vai abrir uma oitava, em julho ou agosto, no shopping Iguatemi, em São Paulo.
É provável que a loja venha a ser uma das três "concept stores" (lojas-conceito, de arquitetura de vanguarda e dedicada a uma faixa específica de produtos) que a Swarovski está abrindo neste ano no mundo. "O Brasil é um dos mercados que mais nos interessam, pelo seu crescimento contínuo nos últimos anos", diz Markus Langes-Swarovski, 33, um dos herdeiros e membros do Conselho Executivo da Swarovski, além de responsável pelo branding e a comunicação desta empresa de 112 anos. A Swarovski tem crescido 15% ao ano no Brasil.
Para Langes-Swarovski, que esteve em SP nesta semana, as jóias de cristal da Swarovski permitiram "o luxo inclusivo".

 

FOLHA - O mercado brasileiro é relevante para a Swarovski?
MARKUS LANGES-SWAROVSKI -
Sim, muito. Embora não seja um dos maiores mercados se comparado à Europa ou à China, ele é importante porque tem se desenvolvido muito bem. Queremos investir mais e mais aqui, pois é um dos mercados mais promissores para nós.

FOLHA - Qual a importância da moda para a Swarovski?
LANGES-SWAROVSKI -
É muito importante, porque permite uma relação mais dinâmica com a nossa produção. A cada estação, é preciso criar algo diferente e se reinventar, o que é muito estimulante. Historicamente, sempre suprimos a indústria da moda, inclusive da alta-costura, com criações para Chanel e Elsa Schiaparelli.

FOLHA - Como o sr. situaria a Swarovski no sistema da moda?
LANGES-SWAROVSKI -
Existem duas maneiras de ver uma marca antiga. Seja mirando-a nostalgicamente, seja captando o seu espírito pioneiro e empurrando-o para a frente. A Swarovski foi fundada num momento de florescimento cultural na Áustria. A psicanálise de Freud estava surgindo, as artes estavam se renovando com Robert Musil, Klimt, Egon Schiele... Fazemos parte, de algum modo, com nossos cristais, desse momento de iluminismo e vanguarda na Europa. Criamos um novo tipo de luxo -um luxo moderno e inclusivo. O nosso cristal é um luxo sem pretensão e democrático, que inclui todo mundo, inclusive as elites.

FOLHA - Na sua opinião, o que difere um diamante de um cristal?
LANGES-SWAROVSKI -
Não deveríamos compará-los, nem achar que o cristal é uma imitação do diamante. Claro que, historicamente, o cristal foi usado para imitar [pedras preciosas] e as pessoas tendem a tratá-lo como uma imitação. Mas, hoje, é preciso ver que ele já não imita nada -o cristal ajuda a ampliar a nossa criatividade. Com ele, não estamos limitados pelo que encontramos na natureza, mas podemos engendrar o que quisermos e alcançar efeitos que nunca conseguiremos com diamantes. Mas devo dizer que, como todo mundo, eu também adoro diamantes!

CONHEÇA A SWAROVSKI

A Swarovski é líder mundial na lapidação de cristal para vestuário, jóias, objetos e decoração. A sua sede fica em Wattens, na Áustria

A empresa foi criada em 1895 por Daniel Swarovski (1862-1956), que descobriu técnicas especiais e inventou instrumentos de lapidação de cristais

Hoje, tem 20 mil empregados e mais de 600 lojas em 120 países. Sua receita em 2006 alcançou 2,47 bilhões (cerca de R$ 6,8 bilhões)

Coco Chanel, Elsa Schiaparelli, Christian Dior e Yves Saint-Laurent foram alguns dos primeiros a usar cristais Swarovski em roupas de alta-costura

A primeira loja Swarovski no Brasil foi aberta em 2000, no shopping Morumbi. Hoje são sete lojas. Todos os produtos são importados.


com VIVIAN WHITEMAN

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