|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NOVOS RUMOS
Academia de Dança leva modernidade a Moscou
da enviada a Moscou
Se antes da perestroika as referências únicas em Moscou eram
o Bolshoi e o grupo Moisseiev, de
dança folclórica, agora já existem
opções que apontam novas perspectivas para a dança russa.
Nas imediações da rua Arbat, a
antiga e celebrada avenida de pedestres da capital russa, funciona
desde 1992 a Academia de Dança
de Moscou, uma das pioneiras
no desenvolvimento de uma linguagem moderna.
"Acredito que estou construindo o futuro. Não pretendo imitar
ninguém. A partir da diversidade
das técnicas contemporâneas,
quero desenvolver algo com fisionomia russa", diz Nikolai
Ogryskov, fundador e diretor da
Academia de Dança de Moscou.
Ex-bailarino do Moisseiev e ex-professor do Bolshoi, Ogryskov
tem 43 anos e é pai de duas bailarinas que vivem na Holanda, onde se dedicam à dança moderna.
Em sua escola, independente e
autofinanciada, ele dá aulas para
cerca de 150 alunos. Dois anos
atrás, oito de suas alunas, entre
12 e 15 anos, brilharam no Festival Internacional de Dança de
Montpellier, na França, que as
convidou para interpretar obras
de coreógrafos franceses contemporâneos, como Karine Saporta, Odile Duboc e Daniel Larrieu.
Transferindo para a linguagem
moderna o virtuosismo inerente
à escola russa, elas esbanjam domínio técnico, graça e arrojo.
Com padrão compatível aos grupos profissionais, representam
uma promessa estimulante no
atual panorama moscovita.
"Na Rússia, a dança clássica
sempre foi prioridade, seguida
das danças populares. Com isso,
criaram-se estereótipos, mas hoje o público não mais se assusta
com a dança moderna", explica
Ogryskov.
Depois de enfrentar resistências no Bolshoi, onde um professor anunciou que não mais daria
aulas para alunos que insistissem
em estudar as técnicas modernas
por ele ministradas, Ogryskov é
ávido por novas informações.
Felizmente, ele diz, hoje já circulam por Moscou grupos de coreógrafos modernos, como Angelin Preljocaj e Maguy Marin.
Por intermédio de fitas de vídeo,
Ogryskov pôde conhecer o grupo
Corpo, do Brasil, que ele já visitou a convite do Festival de Joinville.
Com sólida formação clássica,
que ele acha indispensável,
Ogryskov apaixonou-se por dança moderna depois de assistir,
nos anos 70, a um espetáculo do
Alvin Ailey American Dance
Theatre.
Sobre a principal companhia
de Moscou, Ogryskov é enfático:
"O Bolshoi recusa-se a perceber
que está doente. Trata-se de uma
companhia cristalizada, cujo
elenco pratica a dança como um
esporte, que faz do exibicionismo físico o ponto dominante".
Com a ajuda do Ministério das
Relações Exteriores da França,
Ogryskov tem convidado pedagogos europeus para desenvolver o intercâmbio em sua escola.
(AFP)
Texto Anterior: Bolshoi, que chega a São Paulo, afunda com a Rússia Próximo Texto: Kirov ainda preserva aura Índice
|