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RUÍDO
Cooperativa paulista age contra a OMB
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto circulam por e-mail abaixo-assinados pedindo a extinção da Ordem dos
Músicos do Brasil (OMB), o deputado Dr. Rosinha (PT-PR),
um dos líderes da causa, reclama: "Os músicos só fazem via
eletrônica, não há uma aglutinação real. Sem sair da frente do
computador, não tem jeito".
O deputado está, em parte, desatualizado. A Cooperativa de
Música de São Paulo (CMSP)
comemora nesta semana seu
primeiro ano de existência real,
com cem associados. Para se filiar, cada músico precisa ser indicado por um sócio; o registro
da OMB é obrigatório, por ser
exigência do cooperativismo.
Uma das atividades da organização, no entanto, tem sido a de
prestar apoio à obtenção de liminares por músicos, desobrigando-os do pagamento da
anuidade da OMB (R$ 90).
"Não chegamos a uma conclusão sobre se somos a favor ou
não da extinção da OMB. Eu,
particularmente, não sou", afirma o presidente da CMSP, Carlos Zimbher, 36. Mas ele possui
há dois anos liminar e critica a
autoperpetuação da atual gestão
da OMB, nomeada na ditadura e
há 37 anos no poder.
Seu presidente, Wilson Sandoli, 77, acusa a liderança da política de liminares do advogado
Marcel Nadar -que é consultor
da CMSP. "Ele é quem está fazendo essa papagaiada. Brasília
precisa resolver isso, ou então
acaba com a OMB de uma vez.
Desse jeito não se pode agüentar
mais", protesta Sandoli.
Sobre sua permanência, dispara: "Ninguém tem coragem
de disputar comigo. Por que não
fazem uma chapa? Eu já gostaria
até de parar, estou vendo uma
pessoa para colocar no meu lugar numa próxima eleição".
COOPERADOS 1
A cooperativa de música se
inspira em outras já existentes
no ambiente da cultura, como
as de teatro e cinema. Uma das
atividades centrais é
representar contabilmente os
profissionais cooperados. "Em
geral o músico tem que
comprar notas, trabalhar meio
na clandestinidade", afirma
Carlos Zimbher, que define
como objetivo ajudar a
resgatar uma profissão que
anda "órfã, perdida na selva".
COOPERADOS 2
A CMSP
(www.cooperativademusica.com.br) costuma fazer
reuniões mensais abertas aos
sócios e encontros quinzenais
da diretoria. E comemora o
aniversário hoje e amanhã, no
Sesc Pompéia, com shows de
Zimbher, A Barca, Chico
Saraiva, Moisés Santana etc.
NEI NO BLOG
Escritor, pesquisador e
sambista defensor ferrenho da
tradição, Nei Lopes aderiu ao
espaço virtual. É dono do blog
"Meu Lote" (www.neilopes.blogger.com.br), que abrange
temas tão diversos como suas
memórias sobre Monsueto
Menezes e considerações sobre
o trabalho de Whitney
Houston como cantora e atriz.
LEILA NO BLOG
Leila Pinheiro também tem
blog: "Conversa Afiada"
(http://conversafiada.zip.net), com discussões variadas e
destaque fotográfico para seus
cachorros e para a cantora
islandesa Björk.
O NÃO-LANÇAMENTO
O pernambucano Paulo
Diniz, 64, começou no iê-iê-iê dos anos 60 e ampliou o leque do sucesso em 1970,
quando gravou "Quero Voltar pra Bahia", uma defesa
implícita da volta de Caetano Veloso e Gilberto Gil do
exílio: "I don't want to stay
here/ I want to go back to Bahia". Este "Paulo Diniz"
(Odeon, 71) consolidou uma
fórmula de black music de
voz rascante, romantismo
ácido ("Pingos de Amor",
resgatada depois pelo Kid
Abelha), revisão da tradição
brasileira ("Asa Branca",
versão forró-funk) e muitas
composições próprias. A seguir, ainda na Odeon (hoje
EMI), passou a musicar sistematicamente poemas de
Gregório de Mattos, Augusto dos Anjos, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de
Andrade etc. Reduziu seu
contato com a música a partir dos anos 80, também por
limitações de saúde. Tocou
em São Paulo outro dia,
num evento que discutia o
brega -gaveta em que tem
sido inexplicavelmente
guardado ao longo dos anos.
@: psanches@folhasp.com.br
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