São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2004

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RUÍDO

Cooperativa paulista age contra a OMB

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto circulam por e-mail abaixo-assinados pedindo a extinção da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB), o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), um dos líderes da causa, reclama: "Os músicos só fazem via eletrônica, não há uma aglutinação real. Sem sair da frente do computador, não tem jeito".
O deputado está, em parte, desatualizado. A Cooperativa de Música de São Paulo (CMSP) comemora nesta semana seu primeiro ano de existência real, com cem associados. Para se filiar, cada músico precisa ser indicado por um sócio; o registro da OMB é obrigatório, por ser exigência do cooperativismo.
Uma das atividades da organização, no entanto, tem sido a de prestar apoio à obtenção de liminares por músicos, desobrigando-os do pagamento da anuidade da OMB (R$ 90).
"Não chegamos a uma conclusão sobre se somos a favor ou não da extinção da OMB. Eu, particularmente, não sou", afirma o presidente da CMSP, Carlos Zimbher, 36. Mas ele possui há dois anos liminar e critica a autoperpetuação da atual gestão da OMB, nomeada na ditadura e há 37 anos no poder.
Seu presidente, Wilson Sandoli, 77, acusa a liderança da política de liminares do advogado Marcel Nadar -que é consultor da CMSP. "Ele é quem está fazendo essa papagaiada. Brasília precisa resolver isso, ou então acaba com a OMB de uma vez. Desse jeito não se pode agüentar mais", protesta Sandoli.
Sobre sua permanência, dispara: "Ninguém tem coragem de disputar comigo. Por que não fazem uma chapa? Eu já gostaria até de parar, estou vendo uma pessoa para colocar no meu lugar numa próxima eleição".

COOPERADOS 1
A cooperativa de música se inspira em outras já existentes no ambiente da cultura, como as de teatro e cinema. Uma das atividades centrais é representar contabilmente os profissionais cooperados. "Em geral o músico tem que comprar notas, trabalhar meio na clandestinidade", afirma Carlos Zimbher, que define como objetivo ajudar a resgatar uma profissão que anda "órfã, perdida na selva".

COOPERADOS 2
A CMSP (www.cooperativademusica.com.br) costuma fazer reuniões mensais abertas aos sócios e encontros quinzenais da diretoria. E comemora o aniversário hoje e amanhã, no Sesc Pompéia, com shows de Zimbher, A Barca, Chico Saraiva, Moisés Santana etc.

NEI NO BLOG
Escritor, pesquisador e sambista defensor ferrenho da tradição, Nei Lopes aderiu ao espaço virtual. É dono do blog "Meu Lote" (www.neilopes.blogger.com.br), que abrange temas tão diversos como suas memórias sobre Monsueto Menezes e considerações sobre o trabalho de Whitney Houston como cantora e atriz.

LEILA NO BLOG
Leila Pinheiro também tem blog: "Conversa Afiada" (http://conversafiada.zip.net), com discussões variadas e destaque fotográfico para seus cachorros e para a cantora islandesa Björk.

O NÃO-LANÇAMENTO

O pernambucano Paulo Diniz, 64, começou no iê-iê-iê dos anos 60 e ampliou o leque do sucesso em 1970, quando gravou "Quero Voltar pra Bahia", uma defesa implícita da volta de Caetano Veloso e Gilberto Gil do exílio: "I don't want to stay here/ I want to go back to Bahia". Este "Paulo Diniz" (Odeon, 71) consolidou uma fórmula de black music de voz rascante, romantismo ácido ("Pingos de Amor", resgatada depois pelo Kid Abelha), revisão da tradição brasileira ("Asa Branca", versão forró-funk) e muitas composições próprias. A seguir, ainda na Odeon (hoje EMI), passou a musicar sistematicamente poemas de Gregório de Mattos, Augusto dos Anjos, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade etc. Reduziu seu contato com a música a partir dos anos 80, também por limitações de saúde. Tocou em São Paulo outro dia, num evento que discutia o brega -gaveta em que tem sido inexplicavelmente guardado ao longo dos anos.

@: psanches@folhasp.com.br


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