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DVDS/LANÇAMENTOS
"AO VIVO DE BAGDÁ"
Guerra do Golfo ganha longa sobre atuação da CNN
SÉRGIO DÁVILA
DA REPORTAGEM LOCAL
Antes da Guerra do Golfo,
em 1991, a CNN era conhecida apenas como um capricho de
seu criador, o empresário Ted
Turner. Apelidada de "CNN
-Chicken Noodle News" (a "rede
da canja de galinha", por sua falta
de consistência), era uma sombra
do que é hoje a emissora de notícias 24 horas por dia no ar.
Há 14 anos, o jornalismo e os
jornalistas das outras três grandes
emissoras norte-americanas não
levavam a sério seus colegas da
CNN, e os telespectadores ignoravam sua existência. Isso tudo mudaria por conta de um produtor,
Robert Wiener, e sua atuação nos
meses que precederam a guerra e
durante o conflito, se você acreditar no relato de seu livro, "Ao Vivo de Bagdá", que virou um telefilme do canal de TV paga HBO
americano, exibido com relativo
sucesso de audiência e crítica.
Em 1990, com a invasão do Kuwait por Saddam Hussein, Bagdá
foi inundada por jornalistas do
mundo inteiro. A imprensa apostava que os EUA retaliariam, o
que aconteceu efetivamente em
janeiro do ano seguinte. Todos ficavam hospedados no hotel Al
Rasheed, antes da reforma e antes
de virar alvo militar (o que aconteceria na guerra de 2003).
Durante esse período, Wiener e
sua colega, a produtora Ingrid
Formanek (Helena Bonham Carter), vão ganhando a confiança de
seus chefes em Atlanta e, principalmente, do temido Ministério
da Informação iraquiano ao dar
furos como a primeira entrevista
com um dos reféns ocidentais que
Saddam Hussein mantinha como
escudo humano, desmontar a farsa propagada pelos serviços de inteligência ocidentais de que bebês
kuwaitianos estavam sendo roubados das maternidades por soldados iraquianos e finalmente
uma entrevista com o então presidente iraquiano.
Esta acontece no começo de janeiro e, para ela, é enviado o principal âncora da rede, o negro Bernard Shaw (interpretado por Robert Wisdom), hoje aposentado.
Para Bagdá vai também o neozelandês Peter Arnett (Bruce
McGill), que, apesar de cobrir
conflitos desde os anos 60, começava a ganhar fama na TV naquele momento -e teria sido o único
repórter da CNN a aceitar ser enviado para o que poderia vir a ser
o olho do furacão da guerra.
O ataque norte-americano
acontece no dia 16 de janeiro de
1991. As principais redes e suas
equipes haviam deixado ou estavam deixando o país, menos uma.
Era a CNN de Robert Wiener,
Bernard Shaw e Peter Arnett, que
seguiriam transmitindo 24 horas
por dia do Al Rasheed, sob a complacência de Saddam Hussein,
que enxergaria neles uma maneira de manter um canal aberto
com o Ocidente, e graças a uma
tecnicalidade, um prosaico cabo
que permitia o envio de imagens.
O resto é literalmente história.
É pena que o DVD lançado agora seja pobrezinho, sem um único
extra digno do nome -apenas sinopse, ficha técnica e trailer. Poderia ter sido enriquecido com
uma entrevista com o próprio
Wiener, que está vivo e continua
trabalhando, com Bernard Shaw,
que se aposentou no começo da
década, e mesmo com Peter Arnett, que sairia em desgraça da
CNN anos depois, ao fazer uma
reportagem falsa, e seria demitido
pela NBC no meio de sua cobertura da guerra de 2003, por ter dado
uma entrevista a uma rede de TV
iraquiana criticando a estratégia
militar dos EUA.
Ao Vivo de Bagdá
Live from Baghdad
Direção: Mick Jackson
Produção: EUA/2002
Com: Michael Keaton, Helena B. Carter
Distribuidora: Warner
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