RONI FILGUEIRAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na melhor cena de "Minhas Adoráveis Ex-Namoradas", Connor Mead (Matthew McConaughey) promove uma teleconferência para dispensar as três namoradas. No atacado e ao mesmo tempo.
Numa escala imaginária de cafajestice, ele ganharia a nota máxima. A sequência dá a medida do que se vai ver dali para frente na comédia de Mark Waters, em termos de crueldade com o sexo frágil.
O "plot" da trama começa quando o irmão caçula de Connor, Paul (Breckin Meyer, ótimo), marca o casório com Sandra (Lacey Chabert). Daí os fantasmas das namoradas do passado, do presente e do futuro de Connor, literalmente, puxam o seu pé e mostram a cilada de tal comportamento inconsequente. Connor, um fotógrafo de revista masculina, que coleciona amantes a rodo, não mede esforços para dissuadir o irmão a desistir do que classifica uma opção para os medíocres.
Até que topa com Jenny Perotti (Jennifer Garner), seu primeiro e único amor de infância. Garner interpreta mais uma vez a namoradinha da América, uma médica, na casa dos 30, que faz das tripas coração para superar o trauma do abandono do amor de sua vida.
Parece papo de "amor líquido", mas o diretor opta mesmo pela linha freudiana e preguiçosa: todo Don Juan sofreu uma decepção amorosa em sua vida pregressa.
O elenco é de primeira e reúne Robert Forster como o pai da noiva; Anne Archer, a sogra; e Michael Douglas, mentor intelectual de Connor. Seria uma comédia de costumes deliciosa, se Waters não cedesse à tentação de abandonar o caminho do riso cínico, debochado e inteligente e enveredasse na fenda da sitcom romântica e previsível.