São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2010 |
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No pós-futuro, Lobão, 52, vê o passado
Em "Cinquenta Anos a Mil", cantor relata carreira musical e suas tentativas de suicídio; livro sai em novembro
MARCUS PRETO DE SÃO PAULO Quando completou 50 anos, em 2008, Lobão concluiu que não tinha mais futuro, que estava morto. O cantor, compositor e "enfant terrible" da cena rock brasileira se viu afastado das gravadoras, do rádio e quase divorciado do sucesso. Faltava uma "sacada" para divulgar sua música fora do esquema tradicional do mercado fonográfico, do qual abdicou em 1999. Naquele ano, Lobão teve a ideia de vender seus discos em banca de jornal. Mas agora, dez anos depois, o recurso já não funcionava mais. Queria voltar ao esquema da grande indústria. "Eu nunca disse que gravadora tinha que ser eliminada", diz. "Reclamava e lutava por melhores condições. A música precisa de dinheiro." O músico então deixou o Rio de Janeiro, onde sempre se sentiu "um peixe fora d'água": "Nunca fui o esperto, nunca colei na prova. Estava totalmente fora do universo cultural carioca", afirma. 867 PÁGINAS Em São Paulo, achou que, chegado "o tempo depois do futuro", era hora de narrar o passado. Em 867 páginas, Lobão deitou suas memórias de "Cinquenta Anos a Mil". Delas fazem parte cinco tentativas de suicídio (leia texto abaixo) e um punhado de ressurreições pela música. O volume de memórias deve sair até novembro pela editora Nova Fronteira. Será uma autobiografia escrita a quatro mãos. O jornalista Claudio Tognolli se encarrega de colher depoimentos e reunir documentos judiciais. É um recurso para dar lastro a passagens da vida de Lobão que, de tão mirabolantes, tornam-se inverossímeis. Enquanto Tognolli se debruça sobre a produção de "Cinquenta Anos a Mil", Lobão acelera os projetos musicais. As faixas do compacto já estão definidas. Serão gravadas ainda neste mês pelo produtor americano Roy Cicala, que trabalhou em álbuns de John Lennon e Jimi Hendrix e agora vive em São Paulo. Nelas, o próprio Lobão toca -sozinho- todos os instrumentos. "Nunca estive tão dentro da minha música como agora", diz. Uma das canções novas é "Song for Sampa", em que declara amor eterno pela cidade que adotou aos 50 anos. "Essa é a minha cidade/ Gosto tanto de você/ Para sempre vou te amar/ Esse é o tempo depois do futuro". A outra canção, ainda sem título, é homenagem ao compositor Júlio Barroso (da banda Gang 90), morto em 1984. Depois de planejar o relançamento em CD dos nove LPs que gravou na RCA (atual Sony), entre 1982 e 1990, ele próprio abateu o projeto. "Aquilo é a pior parte do meu trabalho", diz. "Então, selecionei, em três CDs, apenas as músicas que considero imprescindíveis." Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Artista pretende explicar "vida improvável" em livro biográfico Índice |
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