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Artista pretende explicar "vida improvável" em livro biográfico
DE SÃO PAULO
A saga do anti-heroi em
busca de uma estética, como
o próprio Lobão define a história de sua vida até aqui, inclui relações íntimas com o
crime. E com a morte.
"Tentei me matar umas
quatro ou cinco vezes", diz.
"Sempre por estar em situações muito difíceis, para as
quais não via solução."
O fantasma do suicídio
ronda o personagem em camadas profundas, que remetem ao histórico familiar. O
pai tomou veneno de rato. A
mãe tentou se matar 16 vezes.
Morreu na 17ª.
Seu flerte com o crime, ele
diz, começou em 1987, depois de ser preso por porte de
drogas e passar um ano na
cadeia -período em que
criaria o LP "Vida Bandida".
"Eu queria ser bandido, virei mascote do Comando Vermelho. Chegava a passar 201
dias sem voltar pra casa."
Ter sobrevivido de forma
improvável a tantas mazelas,
ele afirma, só foi possível
"pela certeza de que eu ainda
tenho coisas muito importantes a dizer".
Reconhece que, de tão fantásticas, as histórias vividas
nesses 52 anos soam um tanto inverossímeis.
"No meu caso, tenho que
provar tudo. Então preciso
incluir a documentação [no
livro]", diz. "Sofri muitos prejuízos por todas essas coisas
que vivi e, para revertê-las,
tenho que explicá-las bem."
A chegada de Lobão a São
Paulo, ele diz, divide sua história em duas partes. E é justamente por isso que a autobiografia que está escrevendo termina no exato momento de sua saída do Rio.
"Lembro do dia em que falei para a minha mulher que
se a gente não viesse embora
ia mofar ali", diz. "No Rio, me
sentia dentro da solidão. Não
tinha com quem dialogar. Estava frustrado o tempo todo."
Mas foi naquela cidade
que ele construiu quase todos esses personagens -ou
personas, como prefere dizer- que o tornaram célebre.
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