São Paulo, sexta-feira, 11 de junho de 2010

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Artista pretende explicar "vida improvável" em livro biográfico

DE SÃO PAULO

A saga do anti-heroi em busca de uma estética, como o próprio Lobão define a história de sua vida até aqui, inclui relações íntimas com o crime. E com a morte.
"Tentei me matar umas quatro ou cinco vezes", diz. "Sempre por estar em situações muito difíceis, para as quais não via solução."
O fantasma do suicídio ronda o personagem em camadas profundas, que remetem ao histórico familiar. O pai tomou veneno de rato. A mãe tentou se matar 16 vezes. Morreu na 17ª.
Seu flerte com o crime, ele diz, começou em 1987, depois de ser preso por porte de drogas e passar um ano na cadeia -período em que criaria o LP "Vida Bandida".
"Eu queria ser bandido, virei mascote do Comando Vermelho. Chegava a passar 201 dias sem voltar pra casa."
Ter sobrevivido de forma improvável a tantas mazelas, ele afirma, só foi possível "pela certeza de que eu ainda tenho coisas muito importantes a dizer".
Reconhece que, de tão fantásticas, as histórias vividas nesses 52 anos soam um tanto inverossímeis.
"No meu caso, tenho que provar tudo. Então preciso incluir a documentação [no livro]", diz. "Sofri muitos prejuízos por todas essas coisas que vivi e, para revertê-las, tenho que explicá-las bem."
A chegada de Lobão a São Paulo, ele diz, divide sua história em duas partes. E é justamente por isso que a autobiografia que está escrevendo termina no exato momento de sua saída do Rio.
"Lembro do dia em que falei para a minha mulher que se a gente não viesse embora ia mofar ali", diz. "No Rio, me sentia dentro da solidão. Não tinha com quem dialogar. Estava frustrado o tempo todo."
Mas foi naquela cidade que ele construiu quase todos esses personagens -ou personas, como prefere dizer- que o tornaram célebre.


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