São Paulo, sábado, 11 de junho de 2011

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Acervo Folha narra história da música popular no Brasil

Arquivo mostra como o jornal retratou bossa nova, tropicalismo e o sucesso do rock nacional

Cobertura inclui desde as manifestações de maior apelo comercial até o lado "impopular" da produção do país

DE SÃO PAULO

A trajetória da música brasileira nas últimas décadas oscila entre apelo de massa e sofisticação, sucesso comercial e interesse artístico, "popular" e "impopular".
Os campos, não necessariamente antagônicos, têm em João Gilberto, inventor da bossa nova e que completou 80 anos ontem, uma de suas maiores sínteses.
Uma consulta ao site do Acervo Folha (acervo.folha.com.br), que oferece a íntegra das edições do jornal desde 1921, mostra como a Folha registrou essa trajetória, antes de João Gilberto e para além dele, do rádio à internet -com todas as suas tensões entre passado e futuro, abertura para o mundo e retorno às origens.
A "abertura para o mundo" está, por exemplo, nos textos sobre a apresentação dos bossa-novistas brasileiros no Carnegie Hall, em Nova York. Já consolidada no Brasil, a bossa se tornava produto "for export", como o futebol.
Diante disso, parecia natural que a imprensa brasileira tentasse defender a qualidade de seu produto, como na capa da Ilustrada de 4/12/1962 ("Bossa nova não desafinou em Nova York, como dizem").
Nem era necessário: o selo de aprovação do grande mercado consumidor (os Estados Unidos) estava dado. A edição de 15/11/1964, por exemplo, já noticiava: "Tom Jobim vai orquestrar para Frank Sinatra gravar" (na verdade, a colaboração entre os dois ocorreria em 1967).
Outros pontos centrais da história da MPB -sigla surgida no pós-bossa nova quase como um espelho do partido MDB (Movimento Democrático Brasileiro), a oposição consentida à ditadura militar- foram cobertos pelo jornal com destaque pelo interesse que suscitavam.
Em 23/10/1967, ""Ponteio" ganhou a Viola de Ouro" foi o título da matéria sobre o festival que, vencido por Edu Lobo, classificaria do 2º ao 5º lugar Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano e Roberto Carlos, respectivamente.
O festival serviu também de pontapé inicial do tropicalismo -encerrado no final de 1968, com as prisões de Caetano e Gil após a entrada em vigor do AI-5. Em 30/5 daquele ano, reportagem mencionava o especial "Vida, Paixão e Banana da Tropicália", que não chegaria a ir ao ar.

ROCK E DEPOIS
Nos anos seguintes, o jornal daria ainda mais destaque à música popular, como notícia em si ou objeto de análise, mesmo num contexto de censura à imprensa e à própria produção de compositores como Chico Buarque.
O "Folhetim", suplemento cultural que marcou época nos anos 70, publicou edições com capas dedicadas a Tom Jobim (23/1/1977), Vinicius de Moraes (7/8/1977) e Elis Regina (3/6/1979).
A Folha também cobriu a explosão comercial do rock brasileiro a partir da década de 80 (Blitz, Paralamas, Titãs e Legião Urbana logo depois) e a viabilização de grandes shows internacionais no país, a partir do primeiro Rock in Rio (21/1/1985).
Também seria um dos primeiros grandes veículos a destacar a cena pop de Recife ("Chico Science inova com o mangue beat", 1º/11/1993) e a explosão do rap na periferia paulistana (capa sobre os Racionais MC's).


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