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CRÍTICA ROMANCE
Highsmith escancara a loucura por trás da aparência pacífica
"Este Doce Mal", até agora inédito no Brasil, não está entre os melhores livros da autora, mas vale a leitura
ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA
A escritora norte-americana Patricia Highsmith (1921-1995) ficou conhecida por romances policiais e de mistério habitados por personagens obsessivos e, muitas vezes, psicologicamente desequilibrados.
Sua série sobre Tom Ripley, o criminoso astuto com
um talento especial para assumir outras identidades, foi
um grande sucesso e fez a fama da escritora.
"Este Doce Mal", escrito
em 1961 e até agora inédito
no Brasil, não é dos livros
mais celebrados de Highsmith, mas contém algumas
das principais marcas de seu
estilo: uma capacidade formidável para descrever mentes perturbadas, personagens que fingem ser outras
pessoas e um clima crescente
de paranoia e obsessão.
O livro conta a história de
David Kelsey, um cientista
obcecado por uma mulher,
Annabelle, com quem teve
uma relação amorosa.
Annabelle largou David e
está casada com outro homem. Mas isso só aumenta a
agonia de David, que faz de
tudo para reconquistá-la.
Ele assume uma nova
identidade e aluga uma casa
onde planeja morar com Annabelle. Ao mesmo tempo,
começa a assediar a ex-namorada, o que causa atritos
entre ela e o marido.
David esconde sua vida
particular dos amigos e companheiros de trabalho, que o
veem como um sujeito cordato e tranquilo. Highsmith parece ter um prazer mórbido
ao descrever a loucura por
trás da aparência pacífica de
David e de sua existência pequeno-burguesa.
MENTE DESPEDAÇADA
"Este Doce Mal" é mais um
relato de uma mente que se
despedaça do que, propriamente, um livro policial ou
de mistério. Não há grandes
surpresas na trama, mas
uma crescente sensação de
claustrofobia e insanidade
que vai tomando conta do
personagem e da história.
A obsessão de David acaba
causando tragédias, narradas por Highsmith com a sutileza e economia típicas de
seu estilo. Os crimes passam
a ser investigados, mas David despista a todos usando
sua identidade falsa.
A história caminha para
um fim previsível. Mesmo assim, sem surpresas, a autora
consegue manter um clima
de suspense que faz de "Este
Doce Mal" uma leitura agradável e envolvente.
Não está entre os melhores
livros de Patricia Highsmith,
mas vale a pena.
ESTE DOCE MAL
AUTORA Patricia Highsmith
EDITORA Benvirá
TRADUÇÃO Carlos Ramires
QUANTO R$ 44,90 (320 págs.)
AVALIAÇÃO bom
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