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Bibliotecas dão nova fama a Bogotá
Com 2 milhões de livros, o principal centro do país tem mais visitantes do que Masp, Pinacoteca e Mário de Andrade juntos
Com outros projetos na área e grandes bibliotecas em construção, capital da Colômbia recebe título da Unesco por apoio à leitura
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
Com 2,7 milhões de visitantes por ano, a Biblioteca Luis
Ángel Arango, em Bogotá, é
uma das mais visitadas do
mundo. Recebe, em média,
9.000 pessoas diariamente. É
mais do que a soma de visitantes de Masp (Museu de Arte
Moderna de São Paulo), Biblioteca Mário de Andrade e Pinacoteca juntos por dia.
Mantida pelo Banco Central
do país, ela tem 2 milhões de livros e capacidade para 2.000
leitores sentados. Nos últimos
anos, a BLAA fez escola: a prefeitura local construiu outras
megabibliotecas pela cidade e
criou diversos programas de
leitura que visam formar leitores em massa.
Tal empenho recebeu reconhecimento da comunidade internacional. A Unesco escolheu
Bogotá como a primeira cidade
latino-americana a ser Capital
Mundial do Livro, título que ostentará em 2007. A Fundação
Bill e Melinda Gates doou US$ 1
milhão para a rede municipal
de bibliotecas e colabora com
equipamentos tecnológicos para os centros.
Em visita recente a São Paulo, convidada pela Secretaria
Municipal de Relações Internacionais, a diretora da BLAA,
Ángela Pérez Mejía, esteve em
São Paulo para falar de como as
bibliotecas transformaram Bogotá e começam a mudar um
país associado à guerrilha, narcotráfico e violência. Em palestra na Biblioteca Mário de Andrade, que passa por processo
de modernização, Pérez Mejía
falou que a capital colombiana
deve muito aos novos espaços
de convivência com livros.
Uma rede de ciclovias, de 300
quilômetros de extensão, e o
sistema de ônibus articulados,
em corredores, servem todas as
grandes bibliotecas. "As bibliotecas ditaram os rumos do
transporte público", diz Pérez.
Alguns dos maiores arquitetos
colombianos trabalharam na
criação das três novas megabibliotecas, como a Virgilio Barco, desenhada por Rogelio Salmona, e a El Tunal, adaptando
antiga usina de tratamento de
lixo, por Daniel Bermúdez.
Atualmente está em construção a quarta megabiblioteca
municipal, na periferia de Bogotá, graças à doação de US$ 12
milhões feita pela família Santodomingo, a mais rica do país.
Será inaugurada em 2008.
Livros ao vento
Um dos projetos que envolveu toda a cidade, além do numeroso público que freqüenta
as bibliotecas, é o "Livros ao
Vento". A prefeitura local lança
70 mil exemplares, por edição,
em versões de bolso de clássicos de Cortázar, García Márquez, Allan Poe, Tchecov, entre
outros, e os distribui nos pontos de ônibus, gratuitamente.
Na contracapa, um pedido: que
ao terminar a leitura, o livro seja passado para outra pessoa ou
deixado em outro lugar público. "Deixe que este livro voe."
Outro projeto municipal utiliza postos de leitura, como estantes desmontáveis, que são
instalados nos parques da cidade, com 300 livros cada um.
O interesse pelo livro também cresceu para além da capital colombiana. No interior, em
plena floresta amazônica, existem os "biblioburros", onde
agentes culturais levam coleções ao lombo de burrinhos para emprestar livros nas localidades mais distantes. Também
foram criadas pelo governo bibliotecas indígenas.
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