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MÚSICA
Preço em conta ajuda a divulgar novos artistas
Formato vende bem após shows dos grupos, mas falta de porcentagem para o comerciante dificulta venda em lojas
"Momento de transição" da indústria, que passa do disco físico para o digital, é outro fator apontado por músicos para o sucesso do SMD
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
O catarinense (radicado em
Alagoas) Wado e o baiano (que
vive no Rio) Lucas Santtana são
dois artistas que adotaram o
disco semimetalizado após experimentar outros formatos.
Wado lançou no começo deste ano "Terceiro Mundo Festivo", seu quarto álbum e o primeiro em SMD. "O preço é fundamental", diz, enfático. O fato
de o disco sair a apenas R$ 5 faz
dos shows sua maior "plataforma de lançamento", já que as
pessoas que assistem à apresentação ficam mais dispostas
a comprar pelo menos um.
Mas, argumenta, o preço
também dificulta a venda em
lojas. O cantor chegou a articular um contrato para distribuição, mas os R$ 5 não cobririam
a porcentagem do distribuidor.
"O SMD precisa ser pensado
além dos shows", diz.
Lucas Santtana, antes de
apostar no SMD, lançou seu "3
Sessions in a Green House"
(2006) só pelo site www.diginois.com.br
, com download
gratuito, como Wado fez com
seu "Terceiro Mundo" no site
www2.uol.com.br/wado.
O lançamento de Santtana,
no entanto, passou despercebido, diz ele. "Só começaram a
sair reportagens sobre o disco
quando eu lancei o álbum físico", conta. "Nós estamos em
um momento de transição. Para algumas pessoas o suporte físico ainda é importante."
É o mesmo argumento de
Reinaldo Pamponet, criador da
Eletrocooperativa, ONG e selo
que lança álbuns em SMD
-além de Santtana, a Eletrocooperativa relançou recentemente "Saiba", de Arnaldo Antunes, que em 2004 teve distribuição no formato tradicional.
"O CD acabou, mas ninguém
explica direito a transição", diz
Pamponet. "Por ser barato, o
SMD é uma ferramenta importante para migrar o conceito do
suporte físico para o digital, fazer o público entender que faz
sentido, sim, pagar alguma coisa que seja pela música."
Entre os mecanismos de distribuição da ONG, estão uma
máquina de SMDs, instalada na
estação de metrô Consolação,
em São Paulo, e a venda por jovens nas ruas de Salvador
-neste último caso, os vendedores embolsam uma parcela
de R$ 1 por SMD, enquanto a
Eletrocooperativa fica com R$
0,50. Os artistas ficam com R$
1,50 por SMD no modelo de divisão idealizado pela ONG.
O Portal SMD e o pai da idéia,
Ralf, não interferem na forma
de distribuição. "Soube que o
SMD do Arnaldo Antunes vendeu uns 200 de cara na máquina deles", elogia o sertanejo.
Desconhecidos
"Fica mais fácil comprar o
disco de um artista desconhecido por R$ 5", diz Felipe Messina, sócio do Bolacha Discos, outro selo que lança no formato e
que tem em seu catálogo nomes
mais conhecidos no circuito independente carioca, como Binário e Digital Dubs.
"Quase todos os discos que
lançamos são de estréia desses
artistas, que não conseguem
lançar por gravadora ou não estão satisfeitos com elas", diz.
Embora mantenha banquinhas para vendas em shows, o
selo Bolacha também vende no
varejo. "No começo, tínhamos
dificuldade de vender em lojas.
Os donos não conheciam o produto, estranhavam o preço, pediam catálogo, mas não havia
essa diversidade de SMDs de
hoje no mercado." Segundo ele,
alguns artistas do selo chegam
a 5.000 cópias vendidas.
(BB e RC)
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