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ÚLTIMA MODA
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br
O mundo aos seus pés
A grife Salvatore Ferragamo faz 80 anos; para Ferruccio Ferragamo, presidente da marca, uma recessão global afetaria pouco o mercado de luxo
Salvatore Ferragamo (1898-1960) foi um dos gênios do design de calçados femininos.
Imigrante italiano nos EUA, estabeleceu-se no final dos anos
1920 em Santa Barbara, na Califórnia, onde suas criações ousadas e inventivas fascinaram
as estrelas de Hollywood.
Em 1928, retornou à Itália e
criou sua primeira empresa. A
mudança não arrefeceu a sua
fama. Ao contrário, nas décadas
seguintes, criou os calçados
mais cobiçados por atrizes e celebridades de todo o mundo.
Neste ano, a grife comemora
oito décadas de existência. Poderia acomodar-se ao passado
glorioso, mas está de vento em
popa num processo de reestruturação. Contratou um novo
diretor-executivo, Michele
Norsa (ex-Valentino) -a primeira pessoa de fora da família
a comandar os negócios-, tem
uma nova estilista para as coleções femininas (leia nesta pág.)
e planeja abrir o capital.
"Estamos traçando nossa rota rumo ao futuro", afirma Ferruccio Ferragamo, um dos seis
filhos de Salvatore e presidente
da marca, que hoje tem 500 lojas no mundo. Na entrevista a
seguir, feita por telefone, ele diz
que uma recessão global afetaria pouco o mercado de luxo.
FOLHA - Como o sr. resumiria as
principais mudanças na Ferragamo
ao longo de seus 80 anos?
FERRUCCIO FERRAGAMO - Podemos dividir a nossa história em
três fases. A primeira fase, naturalmente, foi aquela em que
meu pai esteve à frente do negócio e da criação. Quando ele
morreu, em 1960, aos 62 anos,
se iniciou a segunda fase. À época, minha mãe tinha apenas 38
anos e não estava preparada para os negócios. Mesmo assim,
ela teve a coragem de assumir a
direção da empresa, com cada
um dos seis filhos tomando
conta de uma parte da companhia. Agora, estamos entrando
na terceira fase. Contratamos
Michele Norsa, que atuou no
grupo Valentino, para ser nosso
novo diretor-executivo e planejamos entrar no mercado de
ações. Estamos traçando nossa
rota rumo ao futuro.
FOLHA - A sua família tem alguma
intenção de vender a marca para um
grande conglomerado de moda?
FERRAGAMO - Não. Nós amamos
nossa companhia, de coração.
FOLHA - Qual é o significado do
Brasil para a Ferragamo?
FERRAGAMO - É um mercado
com um grande potencial para
o futuro e onde desejamos consolidar novos projetos.
FOLHA - Quando o sr. diz "futuro",
isso significa quanto tempo?
FERRAGAMO - É difícil calcular.
Depende de muitas coisas, da
política, da economia, do comportamento da moeda brasileira... O Brasil é um país muito
protecionista, mas os consumidores estão cada vez mais preparados para apreciar produtos
de luxo. É um mercado pronto
para crescer.
FOLHA - O sr. teme uma recessão
global?
FERRAGAMO - A ameaça existe, e
temos que ficar sempre de
olhos abertos para o movimento do mercado. Mas penso que
as crises, hoje, vêm e vão de maneira muito mais rápida do que
no passado, porque a própria
informação circula mais velozmente e ela é também útil para
corrigir rotas e situações. Uma
recessão certamente afetaria a
todos. Mas, em geral, o luxo é
um setor que tende a ser menos
afetado pela recessão do que os
mercados médio ou baixo.
com VIVIAN WHITEMAN
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