São Paulo, sexta-feira, 11 de julho de 2008

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ÚLTIMA MODA

ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br

O mundo aos seus pés

A grife Salvatore Ferragamo faz 80 anos; para Ferruccio Ferragamo, presidente da marca, uma recessão global afetaria pouco o mercado de luxo

Salvatore Ferragamo (1898-1960) foi um dos gênios do design de calçados femininos.
Imigrante italiano nos EUA, estabeleceu-se no final dos anos 1920 em Santa Barbara, na Califórnia, onde suas criações ousadas e inventivas fascinaram as estrelas de Hollywood.
Em 1928, retornou à Itália e criou sua primeira empresa. A mudança não arrefeceu a sua fama. Ao contrário, nas décadas seguintes, criou os calçados mais cobiçados por atrizes e celebridades de todo o mundo.
Neste ano, a grife comemora oito décadas de existência. Poderia acomodar-se ao passado glorioso, mas está de vento em popa num processo de reestruturação. Contratou um novo diretor-executivo, Michele Norsa (ex-Valentino) -a primeira pessoa de fora da família a comandar os negócios-, tem uma nova estilista para as coleções femininas (leia nesta pág.) e planeja abrir o capital.
"Estamos traçando nossa rota rumo ao futuro", afirma Ferruccio Ferragamo, um dos seis filhos de Salvatore e presidente da marca, que hoje tem 500 lojas no mundo. Na entrevista a seguir, feita por telefone, ele diz que uma recessão global afetaria pouco o mercado de luxo.

 

FOLHA - Como o sr. resumiria as principais mudanças na Ferragamo ao longo de seus 80 anos?
FERRUCCIO FERRAGAMO
- Podemos dividir a nossa história em três fases. A primeira fase, naturalmente, foi aquela em que meu pai esteve à frente do negócio e da criação. Quando ele morreu, em 1960, aos 62 anos, se iniciou a segunda fase. À época, minha mãe tinha apenas 38 anos e não estava preparada para os negócios. Mesmo assim, ela teve a coragem de assumir a direção da empresa, com cada um dos seis filhos tomando conta de uma parte da companhia. Agora, estamos entrando na terceira fase. Contratamos Michele Norsa, que atuou no grupo Valentino, para ser nosso novo diretor-executivo e planejamos entrar no mercado de ações. Estamos traçando nossa rota rumo ao futuro.

FOLHA - A sua família tem alguma intenção de vender a marca para um grande conglomerado de moda?
FERRAGAMO
- Não. Nós amamos nossa companhia, de coração.

FOLHA - Qual é o significado do Brasil para a Ferragamo?
FERRAGAMO
- É um mercado com um grande potencial para o futuro e onde desejamos consolidar novos projetos.

FOLHA - Quando o sr. diz "futuro", isso significa quanto tempo?
FERRAGAMO
- É difícil calcular. Depende de muitas coisas, da política, da economia, do comportamento da moeda brasileira... O Brasil é um país muito protecionista, mas os consumidores estão cada vez mais preparados para apreciar produtos de luxo. É um mercado pronto para crescer.

FOLHA - O sr. teme uma recessão global?
FERRAGAMO
- A ameaça existe, e temos que ficar sempre de olhos abertos para o movimento do mercado. Mas penso que as crises, hoje, vêm e vão de maneira muito mais rápida do que no passado, porque a própria informação circula mais velozmente e ela é também útil para corrigir rotas e situações. Uma recessão certamente afetaria a todos. Mas, em geral, o luxo é um setor que tende a ser menos afetado pela recessão do que os mercados médio ou baixo.

com VIVIAN WHITEMAN



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