|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cineasta foi a maior estrela de seus filmes
da Redação
Num tempo em que os diretores
de cinema eram apenas empregados de estúdio, Alfred Hitchcock
(1899-1980) conseguiu a proeza de
ser a principal estrela de seus próprios filmes.
Isso se deveu tanto ao sentido
publicitário aguçado quanto à sua
identificação com um gênero -o
suspense- que cultivou desde seu
terceiro filme, "The Lodger", de
1926.
Na época, Hitchcock já era conhecido por seu estilo diferente
dos britânicos e pelo conhecimento técnico profundo.
Graças à série de sucessos obtida
ao longo dos anos 30, embarcou
para os EUA em 1939, contratado
por David O. Selznick para filmar
"Rebecca". O maquinário hollywoodiano o fascinou de imediato.
Nele, Hitchcock viu a possibilidade de pôr em imagens todas as
suas fantasias.
Os atores e atrizes de Hollywood
também o fascinaram: eram capazes de interpretar personagens de
carne e osso, sem afetação.
Logo Hitchcock livrou-se da tutela de Selznick e conseguiu cada
vez mais independência.
Ao mesmo tempo em que amadureceu, até chegar a compor, entre os anos 50 e 60, uma série inesquecível de obras-primas, como
"Janela Indiscreta", "Um Corpo
que Cai", "Psicose" e "Os Pássaros".
Virtuose, sustentava que a técnica nunca deveria impor-se ao enredo, mas, colocá-lo em evidência.
Apesar dos sucessos, Hitchcock
foi considerado apenas um diretor
comercial até os anos 50, quando
seu trabalho passou a ser estudado
pelos redatores da revista francesa
"Cahiers du Cinéma".
Esses trabalhos colocaram em
evidência elementos que, até então, haviam passado despercebidos, como o catolicismo do diretor e sua problemática relação
com a sexualidade (assuntos ignorados também nos textos de
"Hitchcock por Hitchcock", embora o cineasta tenha escrito um
belo artigo sobre seu ideal de feminilidade).
Essa é a trajetória que "Hitchcock por Hitchcock" retoma no
chamado calor da hora, com artigos e entrevistas concebidos
quando, por vezes, ainda não se
sabia o destino de sua reputação
futura.
Por vezes, Gottlieb foi longe.
Tanto publica um conto da juventude de Hitchcock, escrito à maneira de Edgar Poe (porém pouco
apaixonante), quanto um interessantíssimo diálogo, em que Hitchcock dá um baile num psiquiatra
que combate a violência na TV.
Dessa diversidade vem, também,
o encanto do livro.
(IA)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|