São Paulo, sábado, 11 de julho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ERUDITA
Inauguração está prevista para novembro, com "Così Fan Tutte", de Mozart, e "Il Turco in Italia", de Rossini
São Paulo terá teatro de ópera de câmara

IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha

São Paulo vai ganhar um teatro de ópera de câmera. A empreitada será comandada pela diretora Vivien Lando, que assume o controle do teatro Fernando de Azevedo (no prédio do antigo colégio Caetano de Campos, na praça da República) a partir de 1º de agosto.
"É um prédio da Secretaria Estadual da Educação, com administração da Secretaria da Cultura", explica Lando. "Ele me foi cedido por um período inicial de seis meses, renováveis."
A diretora ainda não conseguiu amealhar todos os recursos financeiros para colocar o teatro em operação, mas está prestes a começar os testes para a contratação de 21 instrumentistas e 19 cantores.
A idéia é estrear as primeiras óperas -"Così Fan Tutte", de Mozart, e "Il Turco in Italia", de Rossini- no final de novembro. "Deixar as produções em cartaz por um bom período de tempo é uma boa maneira de habituar o público a ir à ópera", avalia.
Antes de enveredar pelo campo da ópera, Vivien Lando foi jornalista e atuou como diretora de teatro.
Na cena lírica, foi assistente de dois monstros sagrados, em Paris: Bob Wilson e Dario Fo -Prêmio Nobel de Literatura de 98.
Entre 92 e 95, trabalhou com Boris Pakrovsky no teatro de Câmera de Moscou -uma experiência relatada no livro "Balalaicas e Mandolinas", lançado no ano passado pela editora Objetiva.
Da Europa, Lando trouxe a idéia de fazer uma companhia de repertório.
Um teatro de repertório, afirma, pode ser mais econômico sem abdicar da qualidade. Algo que a diretora aprendeu tendo de lidar com a realidade econômica russa.
"A Ópera da Bastilha, em Paris, era milionária. Lá, mais do que aprender a fazer, eu aprendi a sonhar", diz. "Já em Moscou, aprendi que era possível fazer coisas legais com pouca grana."
"Così Fan Tutte" e "Il Turco Na Italia" são comédias italianas sobre a volubilidade feminina. Para o ano que vem, Lando pretende montar a farsa surrealista "Les Mamelles de Tirésias" ("As Mamas de Tirésias"), ópera de Poulenc com texto de Apollinaire que ela dirigiu em Moscou, em 95.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.