São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2010

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"Nós nos vemos como uma loja de departamentos"

Para presidente, TV Cultura tem "alguns programas atraentes", mas deve criar outros

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No final da tarde da última segunda-feira, já com a fisionomia cansada depois da sabatina a que foi submetido pelo conselho curador da Fundação Padre Anchieta e por uma agenda de sucessivas reuniões, o presidente da fundação, João Sayad, recebeu a Folha. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Folha - Como foi a apresentação de seu plano de gestão ao conselho da fundação?
João Sayad
- Estamos fazendo o esforço para o lançamento de uma nova TV Cultura. Havia críticas no conselho, devido à baixa audiência e ao baixo prestígio dos programas. Nós nos vemos como uma loja de departamentos, que tem alguns produtos próprios muito atraentes, como "Roda Viva", "Metrópolis", Inezita Barroso. Agora, precisamos criar outros.

Quais serão?
Vamos exibir os filmes da Mostra Internacional de Cinema de SP e os documentários do festival É Tudo Verdade. Além disso, o "Jornal da Cultura" terá uma abordagem mais analítica e menos de "hard news" [factual]. Estamos negociando com Ruy Castro, para fazer um programa a partir de nossos arquivos, que são muito preciosos.

A meta é aumentar audiência?
A meta é ter audiência! Há um problema estético, de linguagem. Andando pelos estúdios, a gente vê, por exemplo, cenários que parecem saídos dos filmes do Jacques Tati, coisa que era bonita nos anos 1960, não agora.

Esses profissionais que o sr. está contratando representam renovação?
Estamos recuperando o prestígio da TV Cultura com personalidades conhecidas, em nome do espectador. Em um primeiro momento, não estamos formando personalidades artísticas e apresentadores.

Existe um temor de que o "Roda Viva" perca sua essência com Marília Gabriela, mais conhecida como entrevistadora do que mediadora.
Pode ser que tenham razão, mas nós confiamos nela como entrevistadora. E o "Roda Viva" não é debate, é entrevista, fogo cruzado. O receio que alguns conselheiros têm com relação à presença da Marília Gabriela é que ela seja maior do que o programa. Não acho uma boa crítica, porque a ideia é prestigiar o programa.

Como o sr. lida com as críticas de que não está familiarizado com o meio cultural e menos ainda com o televisivo?
Eu acho que o melhor administrador de uma área qualquer é um "outsider". Ele está livre das invejas, das disputas e das imposições dogmáticas sobre o assunto. Não vejo o que tenho a mais ou a menos do que meus antecessores. A grande questão aqui é que eu não represento o meu gosto, eu represento o que o público quer.

Francamente, o sr. acha que a emissora terá condição de manter todos os seus atuais 2.200 funcionários com a remodelação que o sr. pretende implementar?
A Band [emissora aberta de TV, que é o quarto lugar geral em audiência], por exemplo, tem 1.200 funcionários e é maior do que nós. Estamos estudando a grade, e haverá repercussões que geram essa gritaria toda. Mas não temos nenhum tipo de meta ou programa de redução de quadros.


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