Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.
"Nós nos vemos como uma loja de departamentos"
Para presidente, TV Cultura tem "alguns programas atraentes", mas deve criar outros
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No final da tarde da última
segunda-feira, já com a fisionomia cansada depois da sabatina a que foi submetido
pelo conselho curador da
Fundação Padre Anchieta e
por uma agenda de sucessivas reuniões, o presidente da
fundação, João Sayad, recebeu a Folha.
Leia a seguir os principais
trechos da entrevista.
Folha - Como foi a apresentação de seu plano de gestão ao
conselho da fundação?
João Sayad - Estamos fazendo o esforço para o lançamento de uma nova TV Cultura. Havia críticas no conselho, devido à baixa audiência
e ao baixo prestígio dos programas. Nós nos vemos como uma loja de departamentos, que tem alguns produtos
próprios muito atraentes, como "Roda Viva", "Metrópolis", Inezita Barroso. Agora,
precisamos criar outros.
Quais serão?
Vamos exibir os filmes da
Mostra Internacional de Cinema de SP e os documentários do festival É Tudo Verdade. Além disso, o "Jornal da
Cultura" terá uma abordagem mais analítica e menos
de "hard news" [factual]. Estamos negociando com Ruy
Castro, para fazer um programa a partir de nossos arquivos, que são muito preciosos.
A meta é aumentar audiência?
A meta é ter audiência! Há
um problema estético, de linguagem. Andando pelos estúdios, a gente vê, por exemplo, cenários que parecem
saídos dos filmes do Jacques
Tati, coisa que era bonita nos
anos 1960, não agora.
Esses profissionais que o sr.
está contratando representam renovação?
Estamos recuperando o
prestígio da TV Cultura com
personalidades conhecidas,
em nome do espectador. Em
um primeiro momento, não
estamos formando personalidades artísticas e apresentadores.
Existe um temor de que o
"Roda Viva" perca sua essência com Marília Gabriela,
mais conhecida como entrevistadora do que mediadora.
Pode ser que tenham razão, mas nós confiamos nela
como entrevistadora. E o
"Roda Viva" não é debate, é
entrevista, fogo cruzado. O
receio que alguns conselheiros têm com relação à presença da Marília Gabriela é
que ela seja maior do que o
programa. Não acho uma
boa crítica, porque a ideia é
prestigiar o programa.
Como o sr. lida com as críticas
de que não está familiarizado
com o meio cultural e menos
ainda com o televisivo?
Eu acho que o melhor administrador de uma área
qualquer é um "outsider".
Ele está livre das invejas, das
disputas e das imposições
dogmáticas sobre o assunto.
Não vejo o que tenho a mais
ou a menos do que meus antecessores. A grande questão
aqui é que eu não represento
o meu gosto, eu represento o
que o público quer.
Francamente, o sr. acha que a
emissora terá condição de
manter todos os seus atuais
2.200 funcionários com a remodelação que o sr. pretende
implementar?
A Band [emissora aberta
de TV, que é o quarto lugar
geral em audiência], por
exemplo, tem 1.200 funcionários e é maior do que nós.
Estamos estudando a grade,
e haverá repercussões que
geram essa gritaria toda. Mas
não temos nenhum tipo de
meta ou programa de redução de quadros.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Emissora retoma contrato refutado por Paulo Markun Índice
|