São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2011

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Na selva de Aderbal

Diretor diz ter "profissão sem rosto" e que TV é concorrente do teatro hoje

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DO RIO

Aderbal Freire-Filho só parece ter os 70 anos que não aparenta ("Já fui mais velho", diz) quando fala sobre tudo o que fez até se firmar como um dos mais requisitados diretores teatrais do país.
Trabalhou na Petrobras, foi dono de cinema e de bar, ator de rádio e de telenovela, publicitário e advogado -isso até os 29 anos, quando largou a família (incluindo mulher e um filho) em sua Fortaleza natal e veio fugido para o Rio, pela segunda vez, disposto a viver de teatro.
A partir daí, montou cerca de cem espetáculos, atuou em outros tantos e ganhou muitos dos prêmios do teatro brasileiro, além da Ordem do Mérito Cultural, entregue pelo MinC, em 2009.
Sua boa fase atual é facilmente mensurável: no fim de semana, terá três peças em cartaz simultaneamente. "Na Selva das Cidades" estreia para o público hoje, no Rio; "Depois do Filme", em que é autor, ator e diretor, segue em cartaz na mesma cidade; e "As Centenárias", um de seus maiores sucessos, estará em Fortaleza.
Apesar de ser, segundo ele próprio, um dos mais caros diretores de teatro do país, enumera sua posses ("Tenho um carro 96 e moro sozinho em um quarto-e-sala alugado") para contextualizar. Seu salário para dirigir uma peça por três meses, diz, "é o que um ator médio de TV ganha por mês". Ao aprofundar a comparação, vê na TV uma das explicações para a falta de público no teatro.
"O fenômeno das telenovelas no Brasil estabeleceu uma concorrência brutal. Você tem em casa um folhetim que te prende e que, apesar de ser outra linguagem, é teatro."
O diretor também cita a "equação econômica impossível" como um problema central. "O preço que faria o teatro ser acessível para um mercado como o brasileiro não paga o produto."
Nesse cenário, Aderbal Freire-Filho diz, rindo, que assina com vergonha quando precisa preencher o campo "profissão" em alguma ficha. "É difícil me identificar profissionalmente na sociedade. Falo que sou diretor de teatro e o sujeito me pergunta que teatro eu dirijo, como se eu fosse administrador."
O desconhecimento que mais o incomoda, no entanto, vem de seu próprio meio. "Poucos sabem o que faz um diretor. Leio críticas e vejo que os críticos não têm ideia."
As frustrações momentâneas (que já o fizeram pensar em largar tudo e "ser pescador no Ceará") não o fazem esmorecer, no entanto. "Estou animadíssimo de novo e, à medida em que faço outras coisas que não dirigir, reconheço a beleza dessa profissão sem rosto." Entre seus projetos futuros, ele quer adaptar para o cinema "O que Diz Molero", bem-sucedida montagem que ele dirigiu em 1993.

Leia a íntegra da entrevista
folha.com/il957414



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