São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2011

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teatro

Francês cria linguagem sensorial para quebrar a lógica do mundo

Peça "Teatro dos Ouvidos", do dramaturgo Valère Novarina, ganha montagem no Rio e livro

Angela Leite Lopes, tradutora do autor, retoma seu trabalho como atriz após 20 anos distante dos palcos

Divulgação
Angela Leite Lopes em "Teatro dos Ouvidos", de Novarina, peça dirigida por Antonio Guedes que estreia amanhã no Rio

GABRIELA MELLÃO
DE SÃO PAULO

Ao traduzir sua obra para o português, Angela Leite Lopes introduziu Valère Novarina no Brasil. Um dos dramaturgos mais importantes em atividade na França, o autor desconstruiu os paradigmas do teatro contemporâneo, exigindo do espectador um entendimento sensorial.
Angela agora cria mais uma ponte entre autor e público ao interpretar "Teatro dos Ouvidos". O solo, dirigido por Antonio Guedes (Cia. Teatro do Pequeno Gesto), estreia no Rio amanhã, marcando a volta dela aos palcos após 20 anos.
Escrito para o rádio em 1980, "Teatro dos Ouvidos" inventa uma linguagem que quebra a lógica do mundo. "Fala da criação artística de forma poética. Desmistifica a noção de obra-prima, buscando outra coisa que não a identificação entre ator e espectador", explica Angela.
Para ela, o desafio de traduzir Novarina é conseguir se despojar do hábito de interpretar, deixando-se levar pelo ritmo e pelas sonoridades.
A peça rompe os limites entre teatro, poesia e artes plásticas ao convidar o espectador a fazer um percurso por um labirinto com 22 lâminas transparentes que pendem do teto. Instaura um "novo mundo", em que atriz e plateia são guiados por palavras.
"Queremos propor um teatro que brota numa dimensão interna, a partir da imersão do ouvinte na narrativa de Novarina", diz Guedes. Para Angela, interpretar a obra por ela traduzida é uma experiência completamente diferente. "Agora, coloco outros órgãos para trabalhar, como diz Novarina em vários de seus textos. Algo físico acontece quando suas palavras passam pela respiração, transpiração e emoção."
Ela afirma que a intenção de Novarina é acabar com a indústria da explicação e fazer a arte usar a linguagem como criação, não como mensagem ou produto.
Angela diz que, desde "O Ateliê Voador" (1973), seu primeiro texto, Novarina coloca a língua como instrumento de poder, potencial instância de criação e rebelião.
A partir daí, o autor irá cada vez mais fundo na dimensão de criação da linguagem. "Ele faz um manifesto pela permanência do artístico na sociedade de consumo. No caminho, criou uma língua que lhe é própria."

TEATRO DOS OUVIDOS
QUANDO sex. e sáb., às 19h, e dom., às 18h; de amanhã a 4/9
ONDE Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto (r. Humaitá, 163, Rio, tel. 0/xx/21/2535-3846)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO 14 anos

O TEATRO DOS OUVIDOS (LIVRO)
AUTOR Valère Novarina
EDITORA 7Letras
QUANTO R$ 19 (48 págs.)
LANÇAMENTO hoje, às 19h30, no Espaço Cultural Sergio Porto


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