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Recusa mútua entre a dupla e o Brasil move "Men"
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto goza lá fora
de respeito que não teve
no Brasil, o Tetine mata a
saudade brincando de misturar pop art (Inglaterra) e
funk carioca (Brasil).
Resulta em momentos como a climática e ambivalente "Doing the Catwalk", a
que os recém-chegados chamarão de electro. "Samba,
Bruninho", pede-canta Verner em português, no meio
da letra em inglês. Em "Cowboy", Mejorado avisa: "Caubói, seu tempo está se acabando". É recado do Terceiro Mundo para mr. Bush.
Não será ouvido. Ou será.
No Tetine, o Brasil se globaliza e cai em mais contradição. A música da dupla
sempre explorou um universo de conflitos não resolvidos, e "Men in Uniform"
(Homens de Uniforme) traz
isso a ponto culminante.
Por mais que o Brasil esteja
salpicado nos electros luminosos do disco ("She's Not a
Girl Who Misses Much", "20
Million People" e a faixa-título à frente), ele ainda espelha a recusa mútua entre Tetine e Brasil. O mundo é bem
melhor que o Brasil. Constatar isso é bom, mas dói -o
assunto é dominação.
O que transborda do CD é
mesmo Kraftwerk, tecnopop, Miss Kittin. São as perucas e a maquiagem hoje
usadas pelo rock caboclo
dos 80, pelo teatro metropolitano experimental dos 90,
pelo funk carioca perdido no
tempo e no espaço.
Realizando sonhos ao
avesso, o Tetine bombardeia
a Inglaterra com os tiros de
festim do funk de morro. Para cá virão, suprema ironia,
módicos 499 CDs. Não querem? Então não terão -ou
terão em conta-gotas.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Men in Uniform
Artista: Tetine
Lançamento: Bizarre (tel. 0/xx/
11/3331-7933)
Quanto: R$ 25
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