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São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2003

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Recusa mútua entre a dupla e o Brasil move "Men"

DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto goza lá fora de respeito que não teve no Brasil, o Tetine mata a saudade brincando de misturar pop art (Inglaterra) e funk carioca (Brasil).
Resulta em momentos como a climática e ambivalente "Doing the Catwalk", a que os recém-chegados chamarão de electro. "Samba, Bruninho", pede-canta Verner em português, no meio da letra em inglês. Em "Cowboy", Mejorado avisa: "Caubói, seu tempo está se acabando". É recado do Terceiro Mundo para mr. Bush. Não será ouvido. Ou será.
No Tetine, o Brasil se globaliza e cai em mais contradição. A música da dupla sempre explorou um universo de conflitos não resolvidos, e "Men in Uniform" (Homens de Uniforme) traz isso a ponto culminante.
Por mais que o Brasil esteja salpicado nos electros luminosos do disco ("She's Not a Girl Who Misses Much", "20 Million People" e a faixa-título à frente), ele ainda espelha a recusa mútua entre Tetine e Brasil. O mundo é bem melhor que o Brasil. Constatar isso é bom, mas dói -o assunto é dominação.
O que transborda do CD é mesmo Kraftwerk, tecnopop, Miss Kittin. São as perucas e a maquiagem hoje usadas pelo rock caboclo dos 80, pelo teatro metropolitano experimental dos 90, pelo funk carioca perdido no tempo e no espaço.
Realizando sonhos ao avesso, o Tetine bombardeia a Inglaterra com os tiros de festim do funk de morro. Para cá virão, suprema ironia, módicos 499 CDs. Não querem? Então não terão -ou terão em conta-gotas.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


Men in Uniform    
Artista: Tetine
Lançamento: Bizarre (tel. 0/xx/ 11/3331-7933)
Quanto: R$ 25



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