São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2004

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"O Colecionador" expõe paixão sem limites

DA REPORTAGEM LOCAL

Rapaz seqüestra moça e a mantém em cativeiro por semanas. Parece manchete de jornal, mas nada tem a ver com o drama da violência urbana.
Estréia hoje, no Sesc Belenzinho, em São Paulo, uma livre adaptação de Juca de Oliveira para o romance "O Colecionador", do inglês John Fowles.
Em 1974, o próprio Oliveira contracenou com Dina Sfat no papel do colecionador de borboletas que captura a mulher pela qual é apaixonado, mas não correspondido.
Na sua versão, Ferdinando, o colecionador, "é mais afetivo e clinicamente menos afetado que na versão de [David] Parker para o teatro". Quem dirigiu foi Fernando Torres.
O projeto de montagem é da Cia. Provisório-Definitivo, criada em 2001. O diretor Marcos Loureiro (de "Hotel Lancaster") foi convidado a assinar o seu segundo espetáculo da carreira, ele que vem de mais de uma década em parceria com o grupo Parlapatões (iluminação, cenografia e até atuação).
Em cena, Pedro Guilherme (Ferdinando) e Paula Arruda (Miranda) interpretam os papéis do rapaz e da moça.
Ele é um ex-bancário que ganhou na loteria e tenta conquistá-la com bens materiais. Ela, professora de música, sob jugo, tenta dissuadi-lo para conseguir a liberdade.
"A adaptação do Juca privilegia muito a ação, um processo de convencimento entre um rapaz chucro, que não consegue se aproximar das mulheres, e a sensibilidade da moça que procura escapar", diz Loureiro, 29.
O cativeiro sugerido é o porão de uma casa. No cenário, Miranda surge enroscada numa rede, tal qual uma borboleta preciosa. "Ela é a presa dele", diz Arruda, 25.
Assustada e indignada, mas aos poucos consciente de que ele não é tão perigoso quanto aparenta, Miranda finge-se doente, tenta seduzi-lo, mas nenhuma iniciativa dá certo.
Chegam a um consenso: após 28 dias, ela estará livre para fazer o que bem entender.
"No desfecho, o personagem confronta a realidade com a sua fantasia de união forçada com uma garota comum, tão humana quanto aquelas com as quais não consegue se relacionar", diz Guilherme, 24.
Formados pela ECA-USP, os atores participaram de "Pantagruel" (2001), de Mário Viana, com os Parlapatões. Do mesmo Viana, atuaram em "Verdades Canalhas" (2001), que lançou a Provisório-Definitivo.
Mário Bortolotto, do grupo Cemitério de Automóveis, responde pela trilha pop dessa história de amor com tinta juvenil.
(VS)


O COLECIONADOR. De: John Fowles. Tradução e adaptação: Juca de Oliveira. Direção: Marcos Loureiro. Com: Paula Arruda e Pedro Guilherme. Onde: Sesc Belenzinho - galpão (av. Álvaro Ramos, 915, zona leste, São Paulo, tel. 0/xx/11/ 6605-8143). Quando: estréia hoje, às 19h; sáb., e dom., às 19h; até 3/10. Quanto: R$ 10.


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