|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"O Colecionador" expõe paixão sem limites
DA REPORTAGEM LOCAL
Rapaz seqüestra moça e a mantém em cativeiro por semanas.
Parece manchete de jornal, mas
nada tem a ver com o drama da
violência urbana.
Estréia hoje, no Sesc Belenzinho, em São Paulo, uma livre
adaptação de Juca de Oliveira para o romance "O Colecionador",
do inglês John Fowles.
Em 1974, o próprio Oliveira
contracenou com Dina Sfat no
papel do colecionador de borboletas que captura a mulher pela
qual é apaixonado, mas não correspondido.
Na sua versão, Ferdinando, o
colecionador, "é mais afetivo e clinicamente menos afetado que na
versão de [David] Parker para o
teatro". Quem dirigiu foi Fernando Torres.
O projeto de montagem é da
Cia. Provisório-Definitivo, criada
em 2001. O diretor Marcos Loureiro (de "Hotel Lancaster") foi
convidado a assinar o seu segundo espetáculo da carreira, ele que
vem de mais de uma década em
parceria com o grupo Parlapatões
(iluminação, cenografia e até
atuação).
Em cena, Pedro Guilherme
(Ferdinando) e Paula Arruda
(Miranda) interpretam os papéis
do rapaz e da moça.
Ele é um ex-bancário que ganhou na loteria e tenta conquistá-la com bens materiais. Ela, professora de música, sob jugo, tenta
dissuadi-lo para conseguir a liberdade.
"A adaptação do Juca privilegia
muito a ação, um processo de
convencimento entre um rapaz
chucro, que não consegue se
aproximar das mulheres, e a sensibilidade da moça que procura
escapar", diz Loureiro, 29.
O cativeiro sugerido é o porão
de uma casa. No cenário, Miranda
surge enroscada numa rede, tal
qual uma borboleta preciosa. "Ela
é a presa dele", diz Arruda, 25.
Assustada e indignada, mas aos
poucos consciente de que ele não
é tão perigoso quanto aparenta,
Miranda finge-se doente, tenta seduzi-lo, mas nenhuma iniciativa
dá certo.
Chegam a um consenso: após 28
dias, ela estará livre para fazer o
que bem entender.
"No desfecho, o personagem
confronta a realidade com a sua
fantasia de união forçada com
uma garota comum, tão humana
quanto aquelas com as quais não
consegue se relacionar", diz Guilherme, 24.
Formados pela ECA-USP, os
atores participaram de "Pantagruel" (2001), de Mário Viana,
com os Parlapatões. Do mesmo
Viana, atuaram em "Verdades
Canalhas" (2001), que lançou a
Provisório-Definitivo.
Mário Bortolotto, do grupo Cemitério de Automóveis, responde
pela trilha pop dessa história de
amor com tinta juvenil.
(VS)
O COLECIONADOR. De: John Fowles.
Tradução e adaptação: Juca de Oliveira.
Direção: Marcos Loureiro. Com: Paula
Arruda e Pedro Guilherme. Onde: Sesc
Belenzinho - galpão (av. Álvaro Ramos,
915, zona leste, São Paulo, tel. 0/xx/11/
6605-8143). Quando: estréia hoje, às
19h; sáb., e dom., às 19h; até 3/10.
Quanto: R$ 10.
Texto Anterior: Projeto dialoga com memória do espaço Próximo Texto: Fernando Gabeira: O inesgotável encanto de uma vida de menina Índice
|