São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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Bethânia recebe Shell e lembra Caymmi

Cerimônia de entrega do prêmio teve show da cantora

CAIO JOBIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Coube a Maria Bethânia ser a primeira intérprete a receber o Prêmio Shell de Música em sua 28ª edição -até o ano passado, apenas compositores eram elegíveis. Ao recebê-lo no palco do Vivo Rio, anteontem à noite, declarou-se comovida por terem reconhecido em seu trabalho "alguma criatividade, alguma assinatura".
Embora o Shell seja um prêmio que leva em conta o conjunto da obra, não há dúvida de que o momento atual da carreira da cantora foi decisivo para a escolha dos jurados. Desde que trocou a Sony BMG pela Biscoito Fino, em 2002, Bethânia se embrenhou em uma viagem pelas musicalidades do Brasil remoto -interiorano, caipira, sertanejo, litorâneo-, onde foi buscar canções novas, esquecidas, desconhecidas ou à margem de uma MPB predominantemente urbana.
"Brasileirinho" (2004) é, ao mesmo tempo, ponto de partida e síntese desse rumo. Foi com uma música dele que Bethânia abriu o show de celebração à conquista do prêmio. Embora seja recente, "Yáyá Massemba", de seu conterrâneo Roberto Mendes e do poeta Capinam, soa como um samba ancestral, embalado pelo "batuque das ondas no porão de um navio negreiro".

Retrospectiva
A apresentação incluiu uma retrospectiva de sucessos de sua carreira. Do irmão Caetano Veloso, Bethânia cantou "O Nome da Cidade", "O Quereres", "Não Identificado" e "Reconvexo"; de Chico Buarque, "Olhos nos Olhos" e "Minha História". Não faltaram "Explode Coração", de Gonzaguinha, e "Ronda", de Paulo Vanzolini, ambas de "Álibi" (1978), o primeiro disco de uma cantora brasileira a vender mais de 1 milhão de cópias.
"Uma cantora não pode receber um prêmio sozinha. Para tudo o que fiz, tudo o que faço, tenho que contar com inúmeras pessoas, inúmeros artistas", disse nos agradecimentos, que se estenderam a seus pais, Zeca e Dona Canô, e aos professores de seu colégio em Santo Amaro da Purificação, na Bahia. "Escola pública", fez questão de ressaltar, lembrando que, nos seus tempos de estudante, "era a melhor que tinha".
Dorival Caymmi, morto no mês passado aos 94 anos, foi lembrado em suíte instrumental que uniu "Temporal" e "Sargaço Mar", seguida de interpretação de "João Valentão". Em "Doce", de Roque Ferreira, Bethânia cantou: "Toda palavra linda que a Bahia tem, de santo, comida e amor, foi o canto de Caymmi que embelezou".


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