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Arte sobre tela
Mercado de arte migra para a internet com galerias virtuais que vendem obras de até R$ 60 mil e casas tradicionais que marcam presença também no Facebook
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Está mais elástico, e mais
cheio de pixels, o cubo branco.
Na esteira do crescimento do
mercado de arte, que viu galerias brasileiras ganharem peso
internacional, galeristas põem
obras à venda na internet.
Focados em nichos diferentes de mercado, sites como o
Invest.art e a Galeria Magenta
estão no ar há cerca de dois meses. Juntos, vendem obras originais de mais de 20 artistas e
planejam ampliar esse quadro.
Antecipando a concorrência,
galerias tradicionais aumentam a presença no mercado on-line. As paulistanas Casa Triângulo e Nara Roesler, por exemplo, estudam abrir um braço de
vendas dentro de mercados virtuais como o Submarino. Outras, como a Virgílio e a carioca
Novembro Arte Contemporânea, já estão até no Facebook.
Outro braço do mercado
também já está on-line: o site
InArts cuida do licenciamento
de imagens de obras para publicação em livros e catálogos.
"Recebo e-mails todo dia de
gente querendo entrar para a
galeria", diz Tato DiLascio, dono do Invest.art, que representa artistas como Anaisa Franco
e Marcela Tiboni, com obras de
R$ 230 a R$ 60 mil. "A internet
é mais uma possibilidade."
No ar, mas ainda longe de
"bombar", a Galeria Magenta se
concentra na produção de jovens ilustradores, com preços
mais modestos, de R$ 9 a R$
6.000. "Não existia mercado
específico para isso", diz Fernanda Guedes, da Magenta.
"Galeria de arte não é o lugar
mais acolhedor do mundo, tem
toda uma aura de sofisticação
em que as pessoas muitas vezes
não se sentem bem", diz Guedes. "Criar esse ambiente talvez tire esse ranço do exclusivo.
Na internet, o cliente pode
olhar, observar sem pressão."
Sem pressão nem precisão.
Se ficou mais fácil digitar o número do cartão de crédito e esperar a obra chegar pelo correio, pode ser bem mais difícil
analisar um trabalho original
pela tela do computador.
"Tem um tipo de obra que o
colecionador precisa tatear, vivenciar em pessoa para decidir
se vai comprar ou não", opina a
galerista Luciana Brito. "Seria
bom talvez para algumas obras
mais baratas ou múltiplos."
Eduardo Leme, da galeria Leme, também prefere o mundo
real. "Não sou simpático à
ideia", diz. "Tem uma negociação muito mais ampla do que só
chegar e apertar o "enter"."
Também tem a ver com descer do pedestal. Arte não se
mistura fácil à oferta de passagens aéreas, DVDs, livros e outros itens recorrentes nos carrinhos de compra virtuais. "A
gente tem arte em outro patamar", diz Ricardo Trevisan, da
Casa Triângulo. "Você não entra na internet para comprar
um refrigerador e uma obra de
arte. O virtual é virtual, mas a
gente está trabalhando na real."
"Surpresa bacana"
Real ou virtual pouco importam para a galerista Luisa Strina, uma das primeiras a oferecer obras de seus artistas pelo
site norte-americano Artnet.
"Fora do Brasil, tem regras: a
pessoa paga, a gente manda a
obra de arte", conta. "Mas aqui
as pessoas têm muito medo que
a gente mande uma obra estragada, de a coisa não chegar."
Sobre a visualização on-line,
Strina acredita que já é possível
ter uma boa noção da qualidade
do trabalho pela internet. "Tem
obras das quais você não precisa ver detalhes", diz. "Cada vez
mais as pessoas vão comprar
trabalhos pela internet."
Ainda com certo receio, Eliana Finkelstein, da galeria Vermelho, diz que já chegou a vender obras a colecionadores que
viram o trabalho pela internet,
mas que já conheciam o artista
em questão. De virtual, por enquanto, quer vender só os livros
e múltiplos do anexo Tijuana.
No mundo só da internet,
Fernanda Guedes, da Magenta,
admite que "nada substitui ver
a coisa ao vivo", mas adianta
que é possível observar, pelo site, detalhes ampliados das ilustrações. Tato DiLascio, do Invest.art, diz que comprar on-line leva sempre a uma "surpresa
bacana". "Quando chega à sua
casa, vê que saiu ganhando."
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