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Site vende e vigia direito de imagens de obras
InArts fiscaliza reproduções de trabalhos e fixa tabela de valores para publicações
Serviço conseguiu barrar reproduções de quadros de Antonio Henrique Amaral vendidas por site americano e já representa 50 artistas
DA REPORTAGEM LOCAL
Demorou 24 horas para retirar dois artistas brasileiros representados de forma ilegal de
um site estrangeiro. A virtual
Galerie Dada, com sede nos Estados Unidos e na Tailândia,
oferecia reproduções de quadros de Antonio Henrique
Amaral e Tarsila do Amaral,
pintadas a óleo por "experientes graduados em belas artes".
É o mesmo site que oferece
reproduções de trabalhos de
Gauguin, Matisse, Picasso, Van
Gogh, Miró, entre outros.
A cópia em tela de algodão
com tinta Windsor & Newton
de "Braziliana Litoral 2", quadro em que Antonio Henrique
Amaral pintou um cacho de bananas, poderia ser vendida por
algumas centenas de dólares.
Isso até que Cristiane Olivieri, do site InArts, respondeu ao
alerta do próprio artista e disparou um e-mail ao portal, contando que detinha os direitos
de uso daquela imagem.
"Não temos uma função policialesca, mas aquele era um uso
criminoso da imagem", conta
Olivieri. "Sabiam disso, tanto
que receberam o e-mail e em 24
horas os artistas brasileiros já
não estavam mais indicados."
No ar em fase de testes há um
ano, o InArts representa o direito sobre imagens de trabalhos de 50 artistas. Não vendem
obras de arte, mas cobram pela
publicação de imagens delas
em catálogos, livros e cartazes.
Enquanto esse é um trabalho
comum de associações de artistas no mundo todo, o InArts é
um dos primeiros sites a oferecer o serviço e a única empresa
dedicada só a isso no país, com
cada vez mais clientes.
Batalhas jurídicas
Há alguns meses, herdeiros
de Alfredo Volpi entraram em
conflito com o Instituto Moreira Salles, que expôs obras do artista e tentava publicar imagens dos trabalhos num catálogo, que acabou saindo sem elas.
O mesmo já aconteceu com
Lygia Clark e outros artistas, o
que motivou até um manifesto
de curadores e críticos de arte
contra herdeiros que cobravam
demais pelas reproduções.
Valores, no caso de Volpi,
chegam a R$ 150 mil, muito
além do padrão internacional, e
ameaçam que o artista fique de
fora de mais um catálogo que
deve ser publicado neste ano.
Na tentativa de tabelar os
preços do mercado e evitar disputas jurídicas, o InArts estabelece valores objetivos a serem cobrados pela publicação
de uma imagem, dependendo
do tamanho da reprodução e a
tiragem da edição em que o trabalho aparece -custos que variam de R$ 60 a R$ 2.000.
"Não é um valor que inviabiliza nenhum projeto, são bem
razoáveis", diz Olivieri. "É uma
maneira de a família conseguir
fazer a manutenção do acervo,
coisas que têm um custo."
Mesmo no caso de obras vendidas a outros colecionadores,
herdeiros do artista continuam
titulares dos direitos de imagem e podem cobrar por isso.
"É importante que o uso seja
remunerado, porque a cadeia
toda, do editor ao crítico que
trabalha nos catálogos e nos livros, recebe pelo que faz", opina Olivieri. "A gente ajuda o artista a gerir um pedaço de sua
vida, e ele fica livre para continuar no ateliê."
(SILAS MARTÍ)
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