São Paulo, sexta-feira, 11 de setembro de 2009

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66º FETIVAL DE VENEZA

Longas fracos e confusos marcam o dia

O italiano "La Doppia Ora" e o egípcio "El Mosafer" foram exibidos na seção competitiva de Veneza

LEONARDO CRUZ
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

O Festival de Veneza apresentou ontem dois dos mais fracos filmes na competição pelo Leão de Ouro: o suspense italiano "La Doppia Ora" (a hora dupla), de Giuseppe Capotondi, e o dramalhão egípcio "El Mosafer" (o viajante), de Ahmed Maher.
"La Doppia Ora" retrata o relacionamento entre Sonia (Ksenia Rappoport), uma imigrante eslovena que trabalha como camareira em um hotel, e Guido (Filippo Timi), um ex-policial que trabalha como segurança em uma luxuosa "villa" na região de Turim.
Logo no início do filme, Guido é assassinado durante assalto à "villa" na qual Sonia é mantida como refém.
O trauma abala profundamente a camareira, que começa a ter alucinações com o namorado morto. Até aí, "La Doppia Ora" apontava para um interessante suspense psicológico.
É quando o longa se torna vítima de um mal comum no cinema recente: o excesso de reviravoltas. Os três roteiristas -Alessandro Fabbri, Ludovica Rampoldi e Stefano Sardo- parecem não ter chegado a um acordo quanto ao rumo da narrativa, e o destino da protagonista se transforma radicalmente a cada 20 minutos, até a sequência final.
Estreante no cinema, Giuseppe Capotondi fez carreira como fotógrafo de publicidade e tem no currículo a direção de comerciais de carros e bebidas alcoólicas, além de videoclipes de bandas como Spice Girls e Keane. Mas seu filme não se entrega ao pior da estética publicitária e é visualmente bem resolvido -o que o afunda mesmo é o roteiro.

Concorrente egípcio
"El Mosafer" é uma produção oficial do Ministério da Cultura do Egito, com o veterano Omar Sharif no elenco.
Dirigido por Ahmed Maher, também estreante em longas, o filme mostra três dias na vida de Hassan, numa história também bastante confusa, que salta décadas no tempo e que esteticamente lembra filmes de Bollywood e novelas da Globo.
Primeiro, vemos Hassan na juventude, em 1948, quando ele conhece e se apaixona por Noura, mulher comprometida com um outro homem. Depois, em 1973, ele se encontra com Nadia, a filha de Noura, que morrera alguns anos antes. Mais tarde, em 2001, ele se aproxima do neto de Noura.
A esperança de salvar o dia da competição de Veneza ontem estava em "Soul Kitchen", do alemão Fatih Akin, premiado em Berlim em 2004 por "Contra a Parede" e em Cannes em 2007 com "Do Outro Lado". Seu filme seria exibido após a conclusão desta edição.


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