São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2007

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Paulinho traz inéditas após 11 anos

DVD e "Acústico", da MTV, chegam nesta semana; compositor aceitou contrato com a Day1 para gerenciamento de shows

Músico, que diz demorar até "para fazer bilhete", afirma que acordo dará tempo para descansar e criar músicas; programa vai ao ar domingo

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

O primeiro DVD da carreira de Paulinho da Viola, que está sendo lançado nesta semana, já cumpriu uma importante função: tornou públicos três sambas inéditos do compositor.
Eles entrariam no CD de novidades que os fãs de Paulinho já esperam há 11 anos, desde "Bebadosamba", mas foram escalados como atrativos do "Acústico MTV" que ele gravou em julho, em São Paulo.
Em "Talismã", com letra de Arnaldo Antunes e Marisa Monte, Paulinho não podia mexer muito, mas "Bela Manhã" e "Vai Dizer ao Vento" passaram por experimentações até as vésperas da gravação do especial, que vai ao ar pela primeira vez no próximo domingo, às 21h.
"Essa coisa de ficar mexendo é horrível. Isso tem que acabar. Por isso não gosto muito de ficar compondo. Se eu fizer um bilhete para você, levo dois dias. Tenho inveja das pessoas que escrevem com simplicidade, rapidamente. Eu rasgo, jogo fora. Composição é algo muito chato", diz ele, a um mês de completar 65 anos e já compondo há 44.

Tempo para descansar
O DVD chega num momento em que Paulinho tenta organizar seu caos criativo. Depois de 20 anos usando uma estrutura familiar para empresariar sua carreira, ele resolveu aceitar a proposta da Sony BMG e ser contratado da Day1, nome criado pela multinacional para gerenciar os shows de artistas.
Paulinho é um dos cinco -e o de maior importância- a topar esse acordo, que vem sendo questionado por outros cantores e empresários como uma intromissão da gravadora numa área que não é a sua.
"[O acordo] vai me dar tempo para fazer outras coisas, para descansar um pouco, fazer música", explica ele, que ficou com os direitos integrais sobre suas músicas, mas que terá todos os shows a partir de agora (o primeiro é no Canecão, no Rio, em 6 de dezembro) negociados pela Day1 e o próximo disco lançado pela Sony BMG. Os valores e prazos do contrato não foram divulgados.
"Os contratos têm uma data, mas a gente resolve", diz, sem querer anunciar quando sairá o ansiado disco de inéditas. Ele já foi cobrado várias vezes, mas explica que outros projetos surgiram na frente, como a série de shows e o CD com Toquinho (1999) e o documentário -que também gerou um CD- "Meu Tempo É Hoje" (2003).
"O tempo anda passando muito depressa", ressalta, à sua maneira, lembrando o medo que teve de fazer um disco novo no final dos anos 90 por causa dos debates sobre pirataria e fim do CD. "Não sabia o que ia fazer diante desse quadro. Deixei a poeira assentar", conta, também à sua maneira.
Foi convencido pela MTV e pela gravadora a fazer o "Acústico". Aproveitou para recuperar músicas que não fizeram sucesso ("Amor É Assim", "Foi Demais"), mudar o arranjo de algumas ("Tudo se Transformou", sobretudo) e cantar a letra certa de "Nervos de Aço", que é diferente da que ele gravou em 1973. Mas, para um perfeccionista como ele, nada será perfeito.
"Às vezes eu estou dirigindo e vem uma melodia inteira na cabeça. Quando eu vou trabalhar para fixar aquela melodia, já não é a mesma coisa. Esse é o problema. Invariavelmente, acho que ficou pior. Eu fico com uma raiva... Fico querendo aquela primeira", conta.


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