São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2010

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"Somos anti-rock and roll", dizem os Pixies

Guitarrista Joey Santiago explica por que a banda nunca chegou a fazer sucesso mundial como o Nirvana

Em show hoje no SWU, banda apresentará músicas dos seus quatro discos, lançados entre os anos 1980 e 1990

Gary Miller - 21.set.2001/FilmMagic
Joey Santiago (esq.) e Frank Black durante show no Austin Music Hall, no Texas

BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

A história do rock está repleta de azarados. Os "quase famosos" são uma vertente à parte. O mais famoso deles, o baterista Pete Best, saiu dos Beatles antes de a banda estourar. Hoje, o festival SWU recebe outro célebre representante dessa turma.
Ainda que reis do mundo alternativo, os norte-americanos dos Pixies serão sempre lembrados pelo grande público como "a banda que inspirou Kurt Cobain na criação de "Smells like Teen Spirit" mas nunca ganhou muito dinheiro com isso".
A música, "o" hit dos anos 1990, impulsionou o último furacão na indústria fonográfica antes da era dos downloads ao superar nas paradas o então imbatível Michael Jackson e abrir espaço para o rock de garagem.
"Eu estava basicamente tentando copiar os Pixies", disse Cobain (1967-1994) à revista "Rolling Stone".
Enquanto o Nirvana vendia milhões de discos e se tornava uma das bandas mais populares do planeta, os Pixies lançavam discos elogiados pela crítica, mas naufragavam entre brigas internas e pelo desânimo de não "acontecerem". Encerraram as atividades em 1993.
"Não! Não, imagina!", responde rápida e enfaticamente o guitarrista do Pixies, Joey Santiago, 45, quando questionado se sente ciúmes do sucesso alheio.
"Como poderia sentir ciúmes? Como posso explicar.... Eu diria que nós ficamos à parte. Éramos um bando de esquisitos sem graça para a molecada", diz Santiago.
"Nós éramos muito honestos para não sermos do nosso jeito. Até hoje somos anti-rock and roll. Até nossos roadies aparentam ser mais roqueiros. Até nossos fãs são mais roqueiros!"

CULTO
O passar dos anos, no entanto, fez bem ao grupo. Viraram "cult", assim como Velvet Underground e Stooges, grupos que não atingiram sucesso comercial em seus dias, mas inspiraram inúmeros seguidores.
Weezer, Blur e Radiohead, além de vários outros que nunca saíram das garagens, devem algo aos Pixies. Foi a banda de Frank Black, Joey Santiago, Kim Deal e David Lovering quem tornou marca registrada a fórmula musical "parte calma/ parte pesada/ parte calma".
"Fico surpreso em ver nossa influência. Mas não foi por acaso. Trabalhamos duro para isso. Ensaiávamos o tempo todo", diz Santiago.
Em 2004, o Pixies resolveram voltar à ativa. Chegaram a tocar no Brasil, em Curitiba. Esta é a segunda vez deles no Brasil, a primeira em SP.
"Por que voltamos? Foi apenas porque teve interesse por parte do público. Foi uma correria para nos ver tocar", diz Santiago. O grupo, que não chegou a gravar disco novo, nunca escondeu que dinheiro foi uma das motivações para o retorno.
Atração do palco que terá tatuados, como Gloria e Incubus, os Pixies podem parecer ETs para o público mais jovem. Serão três tiozinhos e uma tiazinha que não se mexem muito no palco, com roupas "normais", daquelas de lojas de departamentos, a tocar músicas sobre OVNIs, alienígenas, Velho Testamento e temas surreais.


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