São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2010

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CRÍTICA ROCK

Rush tira sarro de si mesmo, mas toca como gente grande

OS TRÊS RESPEITAM MARCAÇÕES COMO SE FOSSEM NERDS DISCIPLINADOS, O QUE DE FATO SÃO. LEE FAZ CARETAS E DANÇA SALTITANTE. PARECE INCORPORAR UM PERSONAGEM DE HISTÓRIA EM QUADRINHOS

FERNANDO MASINI
DE SÃO PAULO

O Rush resolveu assumir de vez seu lado mais debochado. No show de sexta, no estádio do Morumbi, a banda colocou esquetes cômicos no telão, tirou sarro de suas próprias canções e fez do palco um picadeiro.
No retorno a São Paulo depois de se apresentar em 2002 com a turnê do álbum "Vapor Trails", o trio canadense de rock progressivo cumpriu o que havia panfletado aos fãs.
Além de antigos sucessos, como "The Spirit of Radio", "2112", "Presto" e "Closer to the Heart", tocou na íntegra o disco "Moving Pictures", de 1981.
É um grupo que não se leva a sério, mas toca como gente grande. Nas duas horas e meia de apresentação, Geddy Lee manteve sua voz potente, atingindo agudos de estalar os tímpanos.
E a bateria onipresente de Neil Peart ocupou todos os buracos deixados entre um acorde e outro da guitarra de Alex Lifeson.
Os três se mexem pouco no palco, respeitam as marcações como nerds disciplinados, o que de fato são. Lee faz caretas e dança saltitante. Parece incorporar um personagem de história em quadrinhos.
"Freewill" e "Subdivisions", destaques da primeira parte do show, ganharam o coro da plateia formada por quarentões. Fãs devotados, que não apenas cantam o refrão, mas gesticulam os solos como se tirassem som das próprias mãos.

PIROTECNIA
A cenografia caprichada, com efeitos pirotécnicos, animações psicodélicas e uma espécie de robô com tentáculos ajudaram a criar uma atmosfera futurista durante a execução das faixas de "Moving Pictures".
O momento mais esperado veio com a instrumental "YYZ", quando as cerca de 30 mil pessoas, que não chegaram a lotar o Morumbi, extravasaram a admiração mais contida que predominou ao longo da noite.
Apesar do tom grandiloquente, às vezes presunçoso demais, a proposta do Rush é apenas divertir o público, o que ficou mais evidente nesta segunda passagem da banda por São Paulo.
Trata-se de um espetáculo ensaiado à exaustão e conduzido por três músicos virtuosos. Sem erros.


RUSH
AVALIAÇÃO bom




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