São Paulo, Quinta-feira, 11 de Novembro de 1999
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CENSURA
Filme estréia amanhã com 40 segundos a menos de duração
"Clube da Luta" chega ao Reino Unido em versão com cortes

FÁBIO ZANINI
de Londres


O filme "Clube da Luta", de David Fincher, estréia amanhã no Reino Unido com 40 segundos a menos de duração do que sua versão original, a mesma que está sendo exibida no Brasil.
É o resultado de cortes em duas cenas de violência determinados nesta semana pelo British Board of Film Classification (BBFC), órgão independente que estabelece as faixas etárias autorizadas a assistir a cada filme exibido no país e censura as cenas consideradas inapropriadas. De acordo com o BBFC, a decisão foi tomada para "preservar a audiência".
"As cenas que sofreram corte mostram homens que sentem prazer e satisfação em praticar atos de extrema violência contra outras pessoas indefesas", disse à Folha Sue Clark, representante do BBFC.
O filme, que já estreou nos EUA, tem causado protestos porque estaria promovendo um culto à violência. Em São Paulo, no último dia 3, o estudante Mateus da Rocha Meire, 24, armado com uma metralhadora semi-automática, entrou no cine Morumbi 5, que exibia "Clube da Luta" e disparou contra a platéia matando três pessoas.
Na história do filme, os personagens vividos por Brad Pitt e Edward Norton criam um clube para reunir homens que buscam dar um sentido à vida e reafirmar sua masculinidade por meio de atos de violência.
Uma das sequências cortadas mostra o personagem de Pitt sendo espancado, sem demonstrar reação. Na outra cena modificada, o personagem de Norton bate em um homem e diz que sente "prazer por estar destruindo algo belo".
Os cortes, na verdade, totalizam somente seis segundos. O restante foi suprimido pelos próprios produtores, para que a história não perdesse sentido.
Contatada pela Folha em seu escritório, a Fox Warner, produtora do filme, não quis fazer comentários.
Julian Petley, coordenador da Campanha pela Liberdade de Imprensa e Comunicação, disse que a censura ao filme é "insensata". "Não vejo como o fato de retirar alguns segundos de um filme possa torná-lo menos violento. Se os responsáveis pela classificação consideram o filme nocivo, seria mais coerente que o tivessem proibido por inteiro", afirmou.


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