São Paulo, quinta-feira, 11 de novembro de 2010

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30 anos de deprê

Livro de fotos e vinis lançados no exterior recuperam legado do Joy Division três décadas após morte de Ian Curtis

Kevin Cummins/Divulgação
Ian Curtis, Bernard Sumner, Peter Hook e Stephen Morris, em Manchester, em janeiro de 1979

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Trinta anos após o suicídio do cantor Ian Curtis (1956-1980), o Joy Division permanece como um dos grupos mais influentes e cultuados do rock. Dois lançamentos jogam luz sobre a banda e atestam o renovado interesse por seu legado.
Acaba de sair nos EUA o livro "Joy Division", com cerca de 200 fotos feitas pelo inglês Kevin Cummins. Em dezembro será lançada no Reino Unido "+ -", caixa em edição limitada com dez vinis de sete polegadas reunindo 21 músicas da banda, todas remasterizadas pelo baterista do Joy Division, Stephen Morris.
As fotos de Cummins são o complemento visual perfeito para o som intenso, abrasivo e melancólico do Joy Division. Os músicos aparecem geralmente contra algum cenário industrial cinzento ou mergulhados em momentos contemplativos e solitários.
O Joy Division durou menos de quatro anos, de julho de 1976 a maio de 1980. Durante sua trajetória, lançou apenas um álbum, "Unknown Pleasures", em 1979. O segundo LP, "Closer" (1980), saiu postumamente.
No início, o grupo -ainda chamado Warsaw em homenagem à música "Warszawa", de David Bowie- fazia punk rock simples e barulhento. O encontro com o produtor Martin Hannett foi o que mudou o som deles.
Hannett incentivou o grupo a diminuir a velocidade das músicas e criou uma sonoridade esparsa, mixando os instrumentos bem separados e dando a cada instrumentista ordens precisas sobre como deveria tocar. As linhas melódicas ficavam a cargo do baixista Peter Hook, enquanto o guitarrista Bernard Sumner, que assumidamente não tinha competência musical para grandes criações, tentava preencher os espaços com efeitos sonoros e distorções.
Foi Hannett que incentivou Ian Curtis a adotar um estilo vocal de "crooner", mais grave e semelhante ao de Jim Morrison (1943-1971), do The Doors. Curtis, que idolatrava Morrison, adorou.

VISÃO SOMBRIA
As letras de Curtis eram manifestos desesperados sobre a solidão e a incomunicabilidade. A Inglaterra vivia uma grave crise financeira e a visão sombria e cinzenta de Curtis capturou com perfeição o espírito da época.
Ninguém pressentiu que a tristeza das letras de Curtis poderia ser sinal de uma tragédia futura. "Isso pode soar horrível, mas foi só depois da morte de Ian que nós começamos a prestar atenção em suas letras", disse Morris.
Em maio de 1980, dias antes de embarcar para sua primeira turnê nos Estados Unidos, Ian Curtis se enforcou. Virou um mártir do rock. Os três remanescentes fundaram o New Order e tiveram o sucesso comercial que Curtis nunca conheceu.

JOY DIVISION

AUTOR Kevin Cummins
EDITORA Rizzoli (importado)
QUANTO US$ 29,70 na Amazon (208 págs.)

+-
ARTISTA Joy Division
LANÇAMENTO Rhino (importado)
QUANTO 49,99 em rhino.co.uk


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