São Paulo, quinta-feira, 11 de novembro de 2010

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OPINIÃO

De sabor único, ingrediente vale e não vale os altos preços

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Há 500 anos, dizia-se que havia tanto peixe cod (base do melhor bacalhau) na América que daria para fazer com eles uma ponte até a Europa. Dois séculos depois, o bacalhau era alimento de escravos nos latifúndios do Caribe. Mais tarde, era tão barato que se dizia, para depreciar alguém, que "para quem é, bacalhau basta".
Hoje, depois da quase extinção desse peixe, o bacalhau é caríssimo. Mas, menos do que o caviar, que, no passado, os russos comiam às colheradas.
E menos que as trufas, que, por sua raridade (as melhores não podem ser cultivadas e só são encontradas nos raros bosques de carvalho europeus), atingem preços astronômicos.
E valem o preço? A resposta é sim e não.
Sim, as trufas são especiais, de sabor único, paradigmas de gostos.
Para o apreciador desejoso de reencontrar aquela emoção, vale pagar, se tiver dinheiro para isso.
Outra coisa é saber se, em termos absolutos -o trabalho necessário para coletar ou produzir aquilo-, esse valor é real.
Mas, como em um quadro de Picasso, o que conta não é quanto tempo o pintor demorou para fazer o quadro ou quanto demorou para aprender a pintar.
Aqui, o que determina o alto preço do produto, além da qualidade intrínseca, é a pouca oferta, a grande demanda e o prestígio. E, enquanto houver quem pague R$ 6 mil por um quilo de trufa, é o que ela custará.


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